Para os leigos
As missas negras da era medieval e sua Simbologia Ocultista
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As missas negras emergem como um conceito fascinante e controverso, com raízes que remontam à Idade Média. Originalmente, essas cerimônias eram descritas como paródias blasfemas da missa católica, supostamente realizadas por hereges e magos negros. No entanto, a realidade dessas práticas frequentemente se confunde com mitos e medos projetados pela sociedade da época. Elas são concebidas como inversões deliberadas dos rituais cristãos, simbolizando uma rejeição e paródia da fé tradicional.
Cada elemento da missa é subvertido, utilizando símbolos sagrados de forma profana. O sacerdote das missas negras, muitas vezes chamado de “sacerdote negro”, um contraponto às vestes papais que são brancas, é responsável por conduzir a cerimônia. Ele pode ser acompanhado por uma sacerdotisa, que representa a contraparte feminina e é vista como um canal de energia sexual e de força vital.
Os posicionamentos, de instrumentos e símbolos considerados sagrados, invertidos tem um simbolismo muito explícito com a frase hermética que diz: “o que está acima, também está abaixo.” O Altar Invertido, que pode ser uma mesa simples ou como em algumas lendas, o corpo nu de uma mulher, simbolizando a Terra Mãe ou a profanação do sagrado. O Pentagrama Invertido, utilizado como símbolo de rebeldia e apropriação do poder terreno, em oposição à espiritualidade ascendente do pentagrama tradicional.
Os Cálice e Adaga, no qual eventualmente contêm vinho ou sangue, é consagrado de forma inversa. A adaga representa tanto sacrifício quanto proteção. O “Livro das Sombras”, usado para recitar encantamentos e invocações, preenchido com fórmulas mágicas e sigilos. A iniciação em uma missa negra é um ritual cuidadosamente orquestrado, simbolizando a morte do eu antigo e o renascimento em uma nova identidade. O candidato pode ser despojado de vestes, ungido com óleos especiais e jurar lealdade ao grupo e seus princípios. O novo membro pode passar por testes de coragem e devoção, culminando em um juramento solene. Estruturalmente, esses rituais foram sendo apropriados, e adaptados, entre as várias correntes ocultistas que foram surgindo desde a antiguidade até a atualidade.
As missas negras podem coincidir com importantes datas do calendário pagão, como os Sabbats (Beltane, Samhain) ou Esbats (luas cheias), aproveitando a energia mágica destes períodos. Equinócios e Solstícios, são datas significativas, refletindo a conexão com ciclos naturais e a busca por equilíbrio e poder. Os Sabbats e Esbats são celebrações fundamentais no calendário pagão e Wiccano, conectando praticantes aos ciclos naturais do ano e às fases da lua. Esses rituais não apenas honram a mudança das estações e os ritmos lunares, mas também servem como momentos poderosos para a prática mágica e a introspecção espiritual Sabbats são festivais solares que celebram as mudanças de estação e os ciclos da Terra. Eles são ocasiões para alinhar-se com as energias sazonais e refletir sobre as transformações na natureza e dentro de si mesmo. O calendário é amplo e muito significativo, sempre coincidindo com eventos astronômicos, meteorológicos, ciclos da natureza e de fertilidade. Por exemplo temos o dia 31 de outubro em que se celebra o fim do ciclo de colheita e o início do inverno. É um tempo de introspecção e comunicação com os ancestrais, muitas vezes associado ao véu entre os mundos, que se acredita ser mais tênue.
Os rituais de Sabbat frequentemente incluem danças, fogueiras, oferendas de alimentos e meditações guiadas para honrar a estação e seus deuses associados. Esbats, são celebrações lunares, principalmente realizadas nas noites de lua cheia. Eles são vistos como momentos de alta energia mágica, propícios para rituais de manifestação, proteção e cura. As práticas podem incluir a consagração de ferramentas mágicas, a preparação de poções ou talismãs, e meditações profundas. É um tempo para recarregar energias e conectar-se com a intuição. Tanto os Sabbats quanto os Esbats são vistos como parte de um ciclo alquímico, onde a transformação pessoal e o alinhamento com os ritmos cósmicos são continuamente buscados. Eles simbolizam a dança entre a luz e a escuridão, a ação e o repouso, refletindo o eterno processo de morte e renascimento. O estudo das missas negras revela uma rica tessitura de simbolismo e transgressão. Cada elemento é cuidadosamente escolhido para desafiar a norma e invocar poderes que se acredita residirem além do mundo visível.
Embora muitas das descrições desses rituais sejam envoltas em lendas e exageros, elas continuam a fascinar aqueles que buscam compreender os limites do espiritual e do profano. Essas celebrações oferecem uma estrutura para os praticantes se conectarem com o mundo natural e seus próprios ciclos internos. Elas incentivam a prática de viver em harmonia com a Terra e os astros, promovendo crescimento espiritual e equilíbrio. Pra quem não sabe, ou não sabia, nossos rituais voltados para as efemérides astronômicas têm um “quê “de um Sabbat e de rebeldia. É essa transmutação alquímica de rituais pagãos que nos mantém conectados com nosso passado místico.
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Marco Mammoli
Mestre Conselheiro e Membro do conselho do Colégio dos Magos e Sacerdotisas. Contato direto com o Colégio dos Magos e Sacerdotisas através da Bio, Direct e o Whatsapp: 81 997302139.