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O Lado B da Literatura

Até um dia, meu querido Luis Fernando

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Autor/Imagem:
Cassiano Condé - Foto da Internet

Eu, que nem sempre fui um saudosista, agora estou velho e me permito sê-lo, quando vejo brasileiros brilhantes partindo, especialmente se os conto dentre meus amigos.

Pois é, meu Verissimo. Chegastes ao fim.

Gaúcho renhido, de fala macia, sempre com uma frase de humor bem colocada entre os íntimos.

Lembro-me agora daquela temporada em Paris, onde fostes morar, e eu, com minha mulher, a passeio, te encontrava para falar de velhos amigos e reminiscências. E de nosso último encontro, no Rio, em que falamos do Ed Mort, As Cobras, o Analista de Bagé, a Família Brasil, Dora Avante e a Velhinha de Taubaté.

Concordávamos que a biblioteca é um lugar onde começamos a nos conhecer.

Você dizia que escrever não é algo prazeroso, apesar de teus textos serem a maior delícia para os leitores.

Gostavas mesmo era de soprar o saxofone, tocar o teu jazz com tanto sabor.

Levavas o labor da literatura a sério, com aquele jeito carregado de ironia e bom humor. Por isso, te via um pouco com o jeito de um carioca, apesar das fortes ligações com nosso estado natal e a cidade de Porto Alegre.

Por mais que os sábios possuam uma visão ampla de mundo, errastes ao dizer que morrerias sem realizar o sonho de não morrer nunca.

Errastes rudemente, meu amigo.

Teus escritos continuarão por aqui, encantando as gerações futuras.

…………………..

Cassiano Condé, 82, gaúcho, deixou de teclar reportagens nas redações por onde passou. Agora finca os pés nas areias da Praia do Cassino, em Rio Grande, onde extrai pérolas que se transformam em crônicas.

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