Melhor que divã
Ato de escrever é tão saudável, que cogito agradecer tudo isso aos sumérios
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Escrever essa coluna todos os dias tem sido um grande desafio. Às vezes, quando preciso produzir dois textos num mesmo dia, confesso que bate um certo desespero: será que vou dar conta? Mas, curiosamente, também tem sido uma das melhores partes da minha rotina.
Escrever sempre foi algo que eu gostei, mas que acabava soterrado pelos compromissos, pelas urgências e obrigações que a vida vai colocando no caminho. Agora, com essa tarefa diária, percebo que a escrita voltou a ocupar um lugar importante em mim. É quase como um ritual pessoal que me dá uma sensação de equilíbrio.
É impressionante como esse simples gesto de colocar palavras no papel (ou na tela) funciona como uma espécie de regulação emocional. É como organizar o pensamento, dar nome às sensações, transformar o que está embaralhado em algo mais visível e compreensível. Às vezes até funciona como uma catarse: as inquietações perdem um pouco do peso quando são traduzidas em frases.
E o melhor é que não precisa de nenhuma técnica mirabolante. Basta sentar, abrir o caderno, o celular, o computador, o que estiver à mão, e começar. Não precisa ter habilidade, nem inspiração digna de prêmio literário. Basta a vontade de dizer alguma coisa, por menor que pareça. Porque até o que parece pequeno ganha corpo quando vira palavra escrita.
Descobri que escrever, mais do que uma atividade criativa, é um exercício de cuidado comigo mesma. E isso, por si só, já vale cada linha que consigo colocar pra fora.