Labirinto do Teu Olhar
Aura inquietante desvenda a nudez que não é da pele
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Teu olhar me alcançou como relâmpago que pensa,
sem anúncio, sem razão,
um convite velado à travessia do invisível.
Era silêncio e também tempestade.
Profundo como abismo vestido de veludo,
negro como o véu da noite quando esquece as estrelas,
um espelho encantado que não reflete… devora.
Ali me vi e já não era eu.
Em tua íris repousam histórias não ditas,
onde cada lampejo é verso,
cada piscada, um ponto final sussurrado,
e tua presença, um manuscrito que o tempo deseja guardar.
Teu olhar aura inquietante e líquida
não toca, mas invade.
Desvenda a nudez que não é da pele,
mas dos pensamentos que tentam se esconder.
Há um tremor disfarçado na tua contemplação,
uma ternura envolta em tempestade,
uma curiosidade que me percorre como mapa secreto,
decifrando estradas que nem eu conhecia.
Não é a matéria que tua pupila despe,
mas o que em mim vibra sem nome:
a entrega, o receio, o jardim e o delírio.
Ignora o frio, desconsidera o véu.
Tu não olhas… transpassas.
E eu, rendida à vertigem do teu mistério,
abandonei os muros e os medos,
tecendo coragem na pele da alma.
Nesse olhar há céu e precipício,
há poesia sem rima e dança sem música.
Há um convite, sim
para adentrar um labirinto onde tua sombra é chama,
e tua ausência, presença.