Instante
Aurora de setembro
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Na alvorada de setembro, o céu tingia-se de ouro líquido, e o calor soprava como suspiros do deserto. Eu seguia em travessia, guiada por um só norte: o abrigo dos teus braços. Cada instante era um prelúdio da noite, onde o tempo se curvaria ao nosso encontro.
O dia se estendeu como um véu de seda ao vento, e só após o crepúsculo pude tocar o destino. Te ver foi como reencontrar um pedaço perdido do universo. Caminhamos lado a lado, como constelações que se alinham, até o refúgio onde o silêncio nos acolheu. Após o banho que lavou o cansaço, entreguei-me ao teu abraço como quem repousa num campo de lavandas.
Na penumbra, nossos corpos se entrelaçaram como raízes antigas que se reconhecem sob a terra. A madrugada foi um poema escrito com toques e murmúrios, e o amanhecer nos encontrou ainda navegando em mares de prazer e ternura.
O tempo escorreu veloz, mas cada segundo foi moldado por gestos que falavam mais que palavras. No escuro do quarto, nossos desejos dançaram em harmonia, como notas de uma sinfonia íntima. E depois, entre lençóis que guardavam segredos, conversamos como quem desvenda o universo com a ponta dos dedos.
Falamos de tudo sem máscaras, sem medo como dois corações que já sangraram demais e agora só querem paz. Contigo, sou menina que sonha e mulher que se realiza. Meus anseios florescem em tua presença, e tua pele é o solo fértil onde minhas fantasias ganham forma.
Estar contigo é como viver dentro de um verso eterno, onde cada batida do teu coração me leva para longe, para perto, para dentro. Me entrego, inteira, a esse amor que não se explica, apenas se sente, como o perfume da primavera que invade sem pedir licença.