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883 casos em 2017

Balanço mostra que estupros cresceram 32% em Brasília

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Autor/Imagem:
Helena Martins

O crime de estupro foi o único que aumentou no Distrito Federal (DF) em 2017, na comparação com o ano anterior. Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (8), a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social do DF informou que foram registrados até dezembro 883 casos, com aumento de 32,4% em relação a 2016, que teve 667 ocorrências. Os registros incluem informações de estupros sofridos em anos anteriores. Quando observados apenas os casos do referido ano, o crescimento foi de 12%, passando de 616 para 687 casos.

Em 59% dos 883 estupros, havia vínculos entre a vítima e o agressor. O crime ocorreu na residência de um ou outro, em 39% dos casos. Em 55% das vezes, não houve conjunção carnal. Meninas e mulheres foram as principais vítimas. Até 15 de dezembro, segundo informações compiladas pela Secretaria de Saúde do DF, houve 466 estupros contra mulheres e 53 contra homens. Na maior parte dos casos, as pessoas que sofreram ataques tinham entre 10 e 39 anos. Quando feito o recorte para as vítimas consideradas vulneráveis, foram 543. Em 93%, a pessoa vulnerável foi estuprada por conhecidos e, em 78%, em sua residência e/ou na do criminoso.

Para o secretário da Segurança Pública e da Paz Social, Edval Novaes, o aumento de registros guarda conexão com campanhas do governo contra a subnotificação. Novaes destacou a importância da denúncia, pois “o primeiro passo é o registro ser feito na delegacia, para que a polícia possa atuar e, consequentemente, a pessoa ser julgada e, eventualmente, presa”.

O secretário argumentou que o combate a esse tipo de crime é complexo, tanto por envolver diversos setores, como educação e assistência social, quanto por ocorrer em casa e entre pessoas conhecidas. Diante desse quadro, Novaes destacou que “o cuidado tem que ser em casa, o cuidado tem que começar na família para que isso não ocorra”. Questionado sobre as políticas adotadas para coibir o crime, ele citou a existência de delegacias especializadas e de uma rede de assistência voltada ao atendimento de crianças, adolescentes e mulheres vítimas da violência no DF.

Integrante do Fórum de Mulheres do DF, Cleide Lemos afirmou que esse tipo de crime persiste, fundamentalmente, “porque a cultura não está sendo alterada”. Ela detalhou que o estupro é uma violência estrutural, decorrente do patriarcalismo e do machismo, e que ocorre em todas as camadas sociais. Na sua opinião, isso explica porque uma unidade da federação com alto nível de escolaridade e renda mantém índices tão alarmantes de estupro. “Está ligado a uma forma de ver o mundo e de encarar as mulheres como objetos e patrimônio”, alertou.

Apesar desse viés, Cleide, que é consultora legislativa do Senado Federal, disse que é possível adotar políticas públicas de prevenção, como discussões sobre gênero nas escolas, melhoria na iluminação das cidades e ocupação dos espaços públicos. Para Cleide Lemos, “algumas questões de urbanização podem contribuir para garantir um ambiente de mais segurança para as mulheres”.

Índices com redução – Ao longo do ano passado, 504 pessoas morreram vítimas de homicídio no DF. No ano anterior, foram 603, o que representa uma redução de 16,4%. Foi o menor número de ocorrências desse tipo nos últimos 15 anos, segundo a Secretaria da Segurança. O número de latrocínios ( roubo seguido de morte) também caiu 18,2%.

Os chamados crimes contra o patrimônio também caíram. O roubo a pedestres caiu 3,8%; o roubo de veículos, 14,3%; os assaltos em transporte coletivo, 14,3%; o roubo em residências, 6,2%; e o furto em veículos, 1,1%. O indicador roubo em comércio foi o que teve a maior queda: 23%. Para Edval Novaes, os resultados atingidos resultam do programa Viva Brasília – Nosso Pacto pela Vida e da articulação de todas as forças de segurança, bem como da parceria com outros órgãos de governo, como as secretarias de Mobilidade e de Saúde.

Na entrevista coletiva de hoje, órgãos públicos também apresentaram balanços das polícias Militar e Civil, do Corpo de Bombeiros Militar e do Departamento de Trânsito (Detran-DF). A polícia destacou o atendimento de 341.604 ocorrências e a apreensão de 3.348,5 quilos de maconha, crack e cocaína. De acordo com o órgão, foram detidas m32 mil pessoas no DF, ao longo de 2017.

Já o Detran-DF destacou a menor taxa de mortes no trânsito desde que começou o registro de estatísticas, em 1995. Foram 241 acidentes com morte no ano, 122 a menos que em 2016, o que significa redução de 35%. No balanço dos bombeiros, o lado positivo foi a visitação de imóveis para combate à dengue e à chikungunya, que resultou na proteção de 109.204 unidades. O negativo foi o registro de diversas queimadas, que afetaram diretamente 16.296,26 hectares do território.

Os representantes destes órgãos afirmaram que as políticas já adotadas serão reforçadas em 2018 e que, ao longo do ano, novas pesquisas sobre a percepção da violência no DF serão efetivadas, a fim de se averiguar como a população tem encarado a questão da segurança no território.

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