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Em defesa do ambiente

Banhistas proibidos de usar filtro solar em Palau

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Autor/Imagem:
Carolina Paiva, Edição

O arquipélago de Palau, no Oceano Pacífico, se tornou o primeiro país a banir protetores solares prejudiciais a corais e à vida marinha. Desde esta quarta-feira (1), estão proibidos o uso e a venda de filtros solares que contenham um de dez ingredientes citados em uma lista — entre eles, a substância oxibenzona.

“Temos que respeitar o meio ambiente, porque o meio ambiente é nosso ninho na vida”, disse o presidente do Palau, Tommy Remengesau.

O país se vende no exterior como o “paraíso pristino” de mergulhadores. As ilhas Chelbacheb (também conhecidas como Rock Islands), formadas por um recife de coral parcialmente submerso, são consideradas patrimônio da humanidade pela Unesco.

O país tem uma população de apenas cerca de 20 mil pessoas, espalhadas por dezenas de ilhas, mas recebe mais de 120 mil turistas por ano.

O veto a protetores solares, anunciado em 2018, afeta produtos que contenham qualquer um de uma lista de 10 ingredientes — entre eles, oxibenzona e octinoxato, que protegem a pele ao absorver raios ultravioletas — conhecidos por serem prejudiciais à vida marinha.

Os efeitos desses químicos
O problema é que, quando o banhista entre no mar, essas substâncias em sua pele são liberadas na água, chegando aos corais, que absorvem o produto e podem morrer. Os que sobrevivem têm seu sistema reprodutor afetado ou dificuldades para suportar o aquecimento das águas no verão.

O impacto se estende para outras espécies de animais marinhos que dependem dos corais como abrigo e fonte de alimento.

A Fundação Internacional de Barreiras de Corais (International Coral Reef Foundation) diz que os químicos banidos em Palau são “conhecidos como poluidores do meio ambiente”.

“A maioria deles é incrivelmente tóxica para os estágios iniciais da vida de várias espécies animais”, afirma.

De acordo com a fundação, diversas pesquisas científicas demonstraram que a oxybenzona, particularmente, danifica o DNA dos corais e pode matar corais jovens. Além disso, a substância pode causar defeitos de desenvolvimento em espécies de peixe e é tóxica para camarões, moluscos, algas marinhas e ouriços-do-mar.

‘Temos que ouvir a ciência’
O presidente de Palau disse à agência de notícias AFP: “Quando a ciência nos diz que uma prática é prejudicial às barreiras de corais, às populações de peixes ou ao próprio oceano, nossa população e nossos visitantes escutam.”

Segundo Remegensau, químicos tóxicos contidos em protetores solares foram encontrados em habitats cruciais da ilha de Palau e no tecido de animais que são símbolos do país.

“Não vemos problema em sermos a primeira nação a banir esses químicos. Vamos fazer a nossa parte para espalhar essa mensagem”, disse.

O número de protetores solares que contêm substâncias prejudiciais ao meio ambiente está caindo. Em 2018, especialistas disseram que as 10 substâncias químicas banidas em Palau eram encontradas em cerca de metade dos cremes e loções vendidos em todo o mundo.

Quando o Havaí, nos Estados Unidos, anunciou um veto similar, que entrará em vigor em 2021, grandes marcas de filtro solar se apressaram para dizer que seus produtos eram “seguros para barreiras de corais”.

Outros países e ilhas também anunciaram futuros vetos a protetores solares, como as Ilhas Virgens Americanas, onde a lei entra em vigor em março, e a ilha caribenha holandesa de Bonaire.

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