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Entre a cruz e a espada

Bolsonaro já começa a achar melhor fazer o L

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Autor/Imagem:
Sonja Tavares - Foto de Arquivo/ABr

Na política de hoje, melhor do que torcer por eleitos sérios e capazes de solucionar os problemas do Brasil é tentar eleger uma calculadora. Pelo menos ela saberá nos dar valor e informará, sem margem de erro, que a soma dos sanguessugas do Congresso mais os enxugadores de gelo das militâncias radicais será sempre igual a zero. Somos uma nação incoerente. O cúmulo da incoerência é que somos o único país do mundo onde defender trabalhador e lutar pela educação e saúde é sinônimo de comunista. Já os defensores de miliciano se autodenominam patriotas. são mais do mesmo.

Pensar no povo, nem pensar. Entre o tricô e chuleado, li recentemente que o ex-presidente Michel Temer tenta voltar ao cenário político nacional. O caminho escolhido é dos mais batidos. Não sei a quem, mas ele sugeriu a possibilidade de uma aliança entre governadores para fazer frente à Lula na eleição presidencial de 2026. Os nomes que o ex-vice de Dilma Rousseff apresenta como de peso são os mesmos que Jair Bolsonaro vem escanteando há meses. Qual a novidade? Tarcísio de Freitas (SP), Ratinho Júnior (PR), Eduardo Leite (RS), Ronaldo Caiado (GO) e Romeu Zema (MG) são fortes para quem?

De golpista para golpista, a sugestão de Temer passou batida pela prancheta de Bolsonaro. Apesar de estar a dois ou três passos do calabouço, o ex-presidente se mantém louco pelo poder. Não passa pela sua cabeça dividir a relevância política com um dos governadores citados por Temer. Mesmo sabendo que Lula parece imbatível, Bolsonaro teme que a improvável vitória de um outro nome de oposição que não seja o seu resulte em um governo de sucesso e enterre o “legado” do clã. Ou seja, entre a cruz e a  espada, Bolsonaro prefere fazer o L.

Além do medo dos governadores, a tese processada pela mente doentia do capitão é simples: Lula será reeleito, a crise econômica se agravará, o desemprego crescerá e, consequentemente, seu governo permanecerá vivo na memória dos brasileiros. Que governo? Que memória? Que legado? Ainda que sua estratégia de guerra seja a mais correta, falta o principal: combinar com os russos. É pensar muito pequeno achar que a economia vai desandar em um provável Lula 4 e que o Supremo Tribunal Federal vai reverter sua condenação, permitindo que ele seja candidato em 2030.

Se pudesse, diria a ele para não apostar nessa hipótese furada. A leitura que faço é que Bolsonaro e os bolsonaristas de todos os rincões já jogaram a toalha. Não sei se, do cárcere domiciliar, consegue acessar informações relativas à gestão de Luiz Inácio, ao Brasil dos brasileiros e ao clima de estamos fritos dos bolsonaristas que teimam em acreditar em milagres. Daqui a dois meses, Lula começa seu último ano de governo. Os de bom senso certamente estão vendo diferenças entre o Lula 3 de 2024 até meados de 2025 e o de agora.

Sem medo do azar, Lula partiu para o tudo ou nada. Peitou Donald Trump, botou Eduardo Bananinha na berlinda, deu o bote no Centrão, aprovou matérias favoráveis e passou de rês desgarrada a touro bravo solto na arena. Em outras palavras, de azarão a quase reeleito foi como tirar leite de pedra. O melhor de tudo são os números das pesquisas eleitorais. A Quaest divulga nesta quarta, 8, uma nova avaliação do governo Lula e na quinta (9) sobre a disputa presidencial. Isso o Bolsonaro não fala. No último levantamento, a aprovação do presidente passou de 40% em junho para 46%. Não é nada, não é nada, Lula é favoritaço para 2026.

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Sonja Tavares é Editora de Política de Notibras

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