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Gato angorá

Bolsonaro se mantém com um olho em Xandão e os ouvidos nas sirenes

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Arimathéia Martins - Foto Paulo Pinto/ABr

Conforme o último relatório da Polícia Federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro movimentou abençoados R$ 30 milhões entre 2023 e 2024. Não é nada, não é nada, mas a vultosa quantia equivale a cerca de 15 milhões de vezes o salário-mínimo recebido pela maioria dos trabalhadores brasileiros. Pelo menos em tese, esse montante acumulado deve estar servindo para ele segurar a despesa com a banca de advogados contratada para tentar o impossível: livrá-lo da cana. De acordo com o noticiário, para o julgamento que se inicia em três dias está previsto um entra e sai de nove causídicos do púlpito destinado pelo Supremo Tribunal Federal à defesa do réu.

Eterno acumulador de grana, de ódio, intolerância, racismo, homofobia e de um suposto poder, o ex-mito da Brotolândia servil, mas desanimada, deve estar vivendo perrengue similar àqueles que nasceram, o elegeram e morrerão sem comer lagosta, lombo de bacalhau e caviar, todos bichinhos de bela sonoridade, mas proibidos para a turma dos acampamentos. Sem o PIX dos “fiéis” para novamente socorrê-lo, Bolsonaro certamente vem tentando de tudo para estancar a sangria real ou, no mínimo, tapar os ralos de sua humilde residência, pelos quais escoam seu rico dinheirinho, boa parte dele adquirida com ajuda dos pobres.

Aliás, recolhido como um gato angorá recém-castrado, ele se mantém aceso 24 horas por dia, sempre com um olho nas ratazanas chamadas amigas e outro no lobo mau Xandão, o que, como nos velhos tempos do faroeste americano, está pronto para matar. Não necessariamente acabar com a vida de ninguém, é claro. Dizem as más línguas que, a seu pedido, ninguém deve entrar de boné ou chapéu de aba longa no condomínio Solar de Brasília. A preocupação do ex-presidente é com a possibilidade de o ministro Alexandre de Moraes também circular descaracterizado pelo local.

A possibilidade é remota, mas tudo é possível nesse momento de instabilidade emocional de um lado e de sangue nos olhos de outro. Pelo sim, pelo não, os veículos do sistema distrital de segurança estão impedidos de circular nas imediações com as sirenes ligadas. O argumento da defesa e do próprio réu é a necessidade premente de se pensar em silêncio a respeito do futuro recolhimento quase definitivo. Quase porque só Deus acima de tudo e de todos sabe de sua (a dele) expectativa de vida.

Justo, muito justo para um cidadão que, mesmo de milhão em milhão, vai acabar gastando pouco no bandejão do batalhão. Quem sabe em lugar muito pior. Comendo o pão que o parça Valdemar Costa Neto tem deixado à mesa do breakfast, Jair Bolsonaro sonha acordado com o dia em que, Xandão à frente, baterem à sua porta às 6h da matina com a informação: Seu Jair, é hora de já ir. Se preferirem, os meganhas poderão optar pelo menos romântico teje preso. Perdão pela redundância, mas, não é nada, não é nada, será o começo do fim do que ele imaginava eterno. No mínimo, prolongado.

Falando sério, o fato é que Jair Messias, seus aliados e, principalmente os filhos, se deram conta tardiamente que a única coisa que a gente leva da vida é a vida que a gente leva. Ou seja, caso condenado, perderá a condição de se fartar com o que restar dos R$ milhões, de tentar tirar mais e mais do partido que chama de seu e, se é que existe, do prazer da convivência com familiares. Pior de tudo é que, por razões óbvias, o ex-presidente também terá confiscado o visto de entrada nos Estados Unidos do companheiro Donald Trump. Em outras palavras, a exemplo de Alexandre de Moraes, Bolsonaro deixará de ser um homem 100% documentado.

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