Festa ao amanhecer
Vizinhança solta fogos em comemoração a viagem para o xilindró
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Ontem acordei bem cedo, antes mesmo de o sol decidir aparecer, com um barulho inesperado de fogos de artifício. No começo, nem entendi o que estava acontecendo. Ainda meio dormindo, meio acordada, tentando organizar os pensamentos, estiquei a mão pro celular para ver as horas e foi aí que vi a notificação que fez meu coração disparar: “BOLSONARO FOI PRESO.”
Parei. Pisquei. Esfreguei os olhos, como quem tenta ajustar o foco da própria realidade. Pensei por um segundo: será que estou sonhando? Mas não, estava tudo ali, preto no branco, na tela iluminada do meu celular. Era realidade. Ele foi preso.
A notícia veio acompanhada do detalhe mais vergonhoso de todos: Bolsonaro tentou violar a tornozeleira eletrônica. Tentou burlar o sistema, como sempre tentou burlar tudo na vida pública, e, veja só, foi pego no pulo. Nada mais simbólico para alguém que sempre acreditou estar acima das regras, acima das leis, acima do país.
Senti um misto de alívio e justiça sendo feita. Não se trata de celebrar a desgraça alheia, mas sim de reconhecer que ninguém, absolutamente ninguém, pode brincar com o Estado Democrático de Direito e sair impune. Bem feito. A lei finalmente bateu à porta de quem tanto zombou dela.
E eu, que acordei com fogos achando que era festa de algum vizinho, descobri que, de certa forma, era sim um tipo de festa: a festa da justiça, que às vezes demora, mas chega.