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Tempos estranhos

Brasil não muda com Bolsonaro e povo segue para buraco negro

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Mathuzalém Júnior - Foto Wilson Dias

Quando falta inteligência, mais fácil matar o oponente. Quando faltam argumentos minimamente plausíveis, melhor atirar pedras e fezes nos adversários. É a estupidez e a brutice dos adeptos da tese faremos de tudo que seu mestre mandar. E estão seguindo a cartilha do regime autocrático e desumano exatamente como ela foi desenhada para 2018. O Brasil não merece pessoas desse tipo, muito menos sofrer com essa desgraça denominada insensata e fraticida disputa política. Deus nos livre dessa maldição! Difícil, pois é o que temos para a eleição presidencial. Pior de tudo é que é justamente esse o cenário traçado por alguns para quatro anos. É isso que chamam de polarização?

Claro que não. Na política, o significado estrito do termo é simplesmente a divisão de uma sociedade em dois polos a respeito de um determinado tema. Não há hipótese de incluirmos nesse enunciado intolerância, ignorância e desrespeito ao próximo. Faz muitos anos que o PT polariza com o PSDB e o PDT. No entanto, nunca houve tiros. Portanto, dizer que bolsonarista matar petista é fruto de polarização é o mesmo que afirmar que ocorrerão outras mortes. No fim e ao cabo, é a banalização da violência. É a mórbida tentativa dos que defendem o caos de varrer o perfil sanguinário do bolsonarismo para debaixo do tapete. Não conseguirão. Perderão a eleição e aí com certeza será a fase do salve-se quem puder.

Enquanto isso não ocorre, o céu permanecerá cinzento e os dias e noites continuarão sombrios, quase no breu da barbárie. Talvez seja o caso de as autoridades incompetentes do atual governo sugerirem aos eleitores, principalmente aos antagonistas do mal, que reforcem sua segurança contra esse pessoal do bem, a chamada turma da “família” e de “Deus acima de tudo”. Tempos estranhos que estamos vivendo. Tempos estranhos que nunca vivemos. Além do desmedido e entusiasmado estímulo ao uso de armas, o governo do mito fomentou (e fomenta) o golpe, criou o fantasma da fraude nas urnas eletrônicas e incentivou a separação racial e social. O resultado está aí.

Recentemente, Jair Messias disse em suas redes sociais que reza para que o povo brasileiro não experimente as dores do comunismo. Que comunismo, cara pálida? É a forma debochada do mandatário colocar para fora o que tem dentro: coisa alguma. Do pouco que sobra, está claro que a preferência da família e dos fanatizados seguidores são as dores e as chagas da ditadura. Tanto isso é verdade que ele e os filhos jamais assumiram ou assumirão o jeito truculento e violento que carregam na alma e espalham por onde passam. Como diz uma propedeuta muito querida, como governo da fome e do desemprego, todos os seus representantes cortejam a morte.

Se a avaliação de comunista é reagir à forma como o deputado Eduardo Bolsonaro comemorou no dia 10 de julho seus 38 anos, digo que sou comunista. O bolinho do menininho mimado zero três reproduzia a imagem de um revólver 38, o popular “três oitão”, com a devida munição. Isso é ser do bem? Considerando que o folclórico Diabo é um inveterado otimista por acreditar poder sempre piorar as pessoas, perdoem-me os que perderam a fé em nome da brutalidade, mas ninguém fica ruim do dia para a noite. As pessoas nascem boas ou ruins e melhoram ou pioram à medida que se misturam.

Aos de má conduta, vale lembrar que os remorsos são os impulsos sádicos do cristianismo. Por razões de berço, normalmente prefiro as teses inteligentes. Por exemplo, para o dramaturgo, jornalista e escritor austríaco Karl Kraus “A guerra, a princípio, é a esperança de que a gente vai se dar bem; em seguida, é a expectativa de que o outro vai se ferrar; depois, a satisfação de ver que o outro não se deu bem; e finalmente a surpresa de ver que todo mundo se ferrou”. A menos que escolhamos certo, esse poderá ser nosso fim a partir de janeiro de 2023. Resumindo, ou mudamos ou vamos todos para o buraco negro.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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