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Aula dos caminhoneiros

Brasil retoma numa boleia sua verdadeira democracia

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Kleber Ferriche, Especial para Notibras

Agora que os tresloucados que tinham as primeiras senhas de atendimento por Sergio Moro estão recolhidos, o Brasil pode caminhar. Caminhar parando, como fizeram os caminhoneiros. Enquanto a fila anda, com a prisão do tucano Eduardo Azeredo, nas estradas não encontramos bandeiras de qualquer cor.

A população tem muito o que comemorar antes de reclamar com a falta de diesel, gasolina e gás. Ainda que falte – e faltarão – o arroz, o feijão, a farinha do pão , enfim vivemos um sintoma de legitimidade com a paralização dos caminhões. Pelo menos torcemos por isso.

O que há de positivo agora? Um fato de grande impacto a ser registrado não é o efeito retardado do assalto promovido pelo PT aos cofres da Petrobrás; nem a manobra do Planalto de trocar 6 por meia dúzia, substituindo contribuições como a CID Combustível/PIS/Cofins pela reoneração; nem o expurgo das centenas de políticos, nada republicanos, instalados no poder, que serão castigados nas próximas eleições.

É muito melhor que isso. Legítimo é quando uma categoria toma a iniciativa de protestar contra um abuso decorrente da incompetência do Estado. Pontualmente. Sem fins partidários, ideológicos ou políticos (no sentido poderoso dos adjetivos). É um alívio acompanhar e participar, ainda que passivamente nas filas dos postos de combustível, do movimento que inaugura um novo tempo no Brasil.

Sem arruaças, quebra-quebras, palavras de ordem suspeitas, os profissionais das estradas, ainda que involuntariamente, abrem o caminho da reorganização do Brasil pela força corporativa, integrada e fundamentada. Nada além de exigir aquilo que é um direito: movimentar a economia, escoar commodities, abastecer nossas quitandas, ainda que sem estradas decentes.

O olho do furacão precisa ser mais bem dimensionado. E respeitado. Seus efeitos serão sentidos em todas as direções e vão atingir outras categorias, agora menos influenciadas e manipuladas pelo esquadrão da vergonha vermelha, restabelecendo o Estado democrático de direito. Sobre isso a grande imprensa não comenta e está limitada às manchetes com motoristas nas filas dos postos, reclamando do preço do abacaxi. Deveriam observar melhor e perceber que estamos é descascando o abacaxi herdado e deixado no nosso colo pelos ilusionistas Lula, Dilma e sua trupe circense. E gradeada, com quatro refeições diárias garantidas e gratuitas.

Se uns soltam fogos por motivos menos nobres, os brasileiros trabalhadores precisam entender o momento de alforria, agora longe das bandeiras vermelhas, representado pelo movimento dos caminhoneiros. Lutam por melhores condições de trabalho que têm repercussão direta na mesa de cada família. Isso, sim, é legítimo. Reclamam das consequências de gestões populistas, criminosas e irresponsáveis.

Só isso já é muita coisa para um país gigante e entorpecido pela natureza enganosa de meia dúzia de guerrilheiros (não são ex, não se iludam) que promoveram um estrago social sem precedentes. Esses sequestradores da dignidade alheia devem estar pensando, agora no confinamento próprio para reflexões, que não têm motivos para remorsos.

Afinal, foi o povo que escolheu democraticamente cada um de seus algozes. Na urna eletrônica, entretanto, igualmente suspeita.

Nada disso é levado em consideração quando a pauta do noticiário corrente está restrita aos efeitos das bombas no humor do cidadão que não percebeu que o Brasil começa a mudar. Tomara. Se assim fosse com os profissionais da saúde, educação, transporte, segurança, a sociedade poderia avançar em seus direitos.

Agora que a Justiça avança sobre outras facções políticas – não vale piada pronta sobre penados e apenados – os caminhoneiros oferecem a faísca da brasilidade. Tudo pode acontecer. O cenário é menos incendiário do que parece e pode vir a ser um alento à reconstrução da autêntica democracia, deixando para trás a década perdida.

Se faltar alguma coisa nas gôndolas dos supermercados, será uma breve amostra de como seria o Brasil que Lula e seus asseclas reservavam para nós. Ainda bem que existem os caminhoneiros…

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