Escrito nas estrelas
Brasil só volta a ser país tropical com cura do Avôhai e fim da letargia
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Cada vez mais idiotizada e entregue exclusivamente aos que se preocupam em legislar em causa própria ou a defender golpistas, pastores de calcinha e entreguistas de boné, a política brasileira cansou. Tudo na vida é uma questão de escolha. A minha é exorcizar os espíritos malignos que habitam meu subconsciente político. Por isso, decidi seguir a recomendação daquela ex-senadora, ex-prefeita e ex-ministra que, como incentivo, receitou aos brasileiros cansados dos atrasos em aeroportos, o relaxamento, o gozo e muito caldo de galinha. Não sei até quando, mas vou atender o suplício da Moça e viajar até que o País Tropical se cure do Avôhai (avô e pai), esqueça a Metamorfose Ambulante e tire o Admirável Gado Novo da letargia.
Lembrando que, sempre Atrás da Porta, Pedro Pedreiro e o Pavão Misterioso são os principais responsáveis pela casa dos horrores em que se transformou o Congresso Nacional, o primeiro passo é Esquecer de Tudo, inclusive das Dores do Mundo. Sei que Nada Será Como Antes. Por isso, depois das Águas de Março, do Planeta Água e da Roda Viva só penso no Vapor Barato, na Preta Pretinha e no Fio Maravilha. Dia desses, a fim de relaxar e gozar, desci a Rua Augusta procurando o Broto Legal, mas acabei encontrando a Pobre Menina no dia da Festa dos Seus 15 Anos. Com ela, após assistir a um Filme Triste, dancei Only You e, após um daqueles fortuitos encontros com a turma do Creedence Clearwater Revival, ajudei o João a botar melão no Gol.
Como Eu Sou Terrível, não estou nem aí para o Mar de Rosas, tampouco para o Milagre dos Peixes. Disposto a ser o Garoto Que Amava os Beatles e os Rolling Stones, mesmo com o Sinal Fechado, estou à procura de um Calhambeque para desfilar pelo Chão de Giz. Talvez em Sampa eu possa me sentar no banco da Praça, cantar a Canção da América, tomar um Banho de Lua, sonhar com o Splish Splash da Garota do Roberto e, quem sabe, virar o Menino do Rio. Sabendo que a fama da Morena Tropicana é usar um Biquini de Bolinha Amarelinha, daqueles tão pequenininhos e capazes de deixar qualquer Bom Rapaz com o Coração de Papel, provavelmente optei pela Festa do Bolinha, reduto em que certamente encontrarei a Dominique, a Michelle, a Diana e a Carol.
Sou um Lobo Mau e, mesmo sabendo que É Proibido Fumar, passei décadas me arriscando na Festa de Arromba do Reconvexo Congresso. Sentado à Beira do Caminho, Fechei os Olhos, me imaginei um Playboy, mas Como num Sonho, percebi que não estava só. Havia mais Alguém na Multidão. Seguindo as batidas do meu Coração de Cristal, me deixei levar pelo Ritmo da Chuva e só parei quando ouvi os sussurros da Gatinha Manhosa. Debaixo de um Coqueiro Verde, a Menina da Rua Direita derramou sua Primeira Lágrima. Seria o coqueiro um Estúpido Cupido? É claro que não. Sou Uma Criança, Não Entendo Nada, mas é fácil perceber que hoje o melhor caminho é vestir o Casaco Marrom, evitar o Parei na Contramão e sair de fininho, no Passo do Elefantinho, permanecer à esquerda.
Experimentar o fundo do poço da política brasileira tem sido minha Prova de Fogo nesse momento em que até o Exército do Surf está sob terrível suspeição. Sou um Bom Rapaz, às vezes quase um Vendedor de Bananas. Nessa Romaria, cheguei a pensar Como Nossos Pais. Felizmente meu Sangue Latino me permitiu embarcar no Trem Azul, torcer por uma tranquila Travessia e esperar A Banda passar no Domingo no Parque. Afinal, É o Tempo do Amor, do Meu Bem Lollipop, da Vizinha do Sobrado e tudo Vai Passar. Eu Te Amo, Meu Brasil, mas é impossível esquecer as Marcas Do Que Se Foi. E Por Isso Eu Corro Demais.
Debaixo dos Caracóis dos Meus Cabelos, permaneço Olhando Para o Céu, mas hoje eu Quero Que Vá Tudo Para o Inferno. Detalhes tão pequenos e que não voltam, a menos que eu revisite As Curvas da Estrada de Santos. Emoções de um tempo em que os brotos tinham o mesmo bordão: Vem Quente Que eu Estou Fervendo. Era a Alegria, Alegria. Faz tempo que esqueci a Namoradinha de Um Amigo Meu. O que jamais esquecerei é que, embora ele não esteja mais entre nós, Só o Amor Constrói. Todos Estão Surdos, principalmente aqueles que recorreram a Um Grande Amor nos Estados Unidos para acabar de vez com a Aquarela do Brasil.
Me cansei. E Ninguém Poderá Julgar-me por defender a Disparada torcida pela prisão do Carcará, cujo fim político é Fato Consumado. É a Balada do Louco às avessas. Sozinho, seguirei as Paralelas muito Além do Horizonte. Quero Voltar Pra Bahia. Por isso, peço ao moço do hambúrguer: Devolva-me o visto, porque os Alquimistas Estão Chegando. Enquanto Houver Sol, quero calçar meu Sapato Velho para, ao som do Samba da Benção, aguardar o novo Sol de Primavera. A partir de setembro, o lugar do moço será Na Rua, na Chuva, na Fazenda. Do Lindo Lago do Amor, está Escrito nas Estrelas que, quando o Segundo Sol Chegar, o Bêbado, Olho nos Olhos, mostrará para a Equilibrista seu novo Grito de Alerta: Esse Cara Sou Eu. A Anunciação será ouvida A Dois Passos do Paraíso, de onde, mesmo Desafinado, o Doce Vampiro entoará sua derradeira Verdade Chinesa: Eu Quero é Botar Meu Bloco Na Rua.
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Armando Cardoso é presidente do Conselho Editorial de Notibras