Fila do SUS
Brasil vive em compasso de espera com rede que falha
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Agosto acabou e o Brasil parece caminhar sobre uma corda bamba. A fila do SUS para atendimentos de saúde mental já não é apenas uma estatística fria nos relatórios do Ministério da Saúde: é uma experiência cotidiana de milhares que esperam meses, às vezes anos, por um psicólogo ou psiquiatra.
O que vemos é o retrato etnográfico de um país que naturalizou o sofrimento. Na sala de espera, o sujeito não é apenas um paciente, mas também um corpo social invisível, carregando em si a sobrecarga da desigualdade.
Como diria Erving Goffman, esses espaços são palcos de identidades estigmatizadas, onde o sofrimento psicológico é visto como desajuste individual e não como sintoma coletivo de uma sociedade exausta.
O Brasil aparece diante de si mesmo como um país que se acostumou a esperar, como se a espera fosse também uma forma de anestesia social.