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Inversão de valores

Brasileiro merece um Congresso sem vadiagem

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Autor/Imagem:
Misael Igreja - Foto de Arquivo

Pejorativo, mas bastante usual na periferia das grandes cidades, o termo “malandro” se referia somente àqueles que não trabalham, que lançam mão de recursos “engenhosos”, que são frequentemente condenados, que abusam da confiança de outros e que vivem de vadiar. Enfim, são indolentes, preguiçosos, espertos e, sem qualquer eufemismo ou neologismo inventado pela elite, são etimologicamente vadios. Nas reuniões de famílias, eles são considerados pessoas de comportamento que desafia padrões morais, éticos e sociais

Nada contra o malandro assumido, mas nadica a favor dos enrustidos, aqueles que se travestem de parlamentares. Cada um vive conforme melhor determina seu caráter. Em se tratando de caráter, há os com, os sem e os com ausência total do vocábulo. Portanto, desprovidos de qualquer simbiose entre o ser e a expressão. Entre os sem caráter, podemos incluir os malandros circunstanciais. Já a ausência total a gente encontra hoje nos profissionais da política, consequentemente a pior espécie de malandro.

Como o Brasil inteiro reconhece, a maioria da classe está estabelecida no Congresso Nacional e adjacências, onde chegam com o pretexto malandro de servir ao pobre coitado do eleitor. Comédias mambembes da vida pública e privada, os deputados e senadores parecem indiferentes às críticas e sem interesse algum pelas mazelas do povo. Repetindo o bordão do fictício deputado Justo Veríssimo, personagem criado por Chico Anísio, “o povo que se exploda”.

Nesses últimos tempos, mais precisamente desde a eleição de 2018, os brasileiros conseguiram se superar ao eleger para a Câmara e para o Senado um bando de loucos, muitos trastes, outros bajuladores medíocres e pouquíssimos parlamentares realmente preocupados em trabalhar pela pátria. Dispostos a matar e a morrer por quem caga para eles, os congressistas ligados a um certo mito têm ojeriza a pobres e brasileiros corretos, segmentos sociais que eles diariamente culpam pela derrota do ídolo em 2022.

Não estão errados, mas é antiético, covarde e maldoso se manifestarem sistematicamente contra eles no plenário do Parlamento, nas bases e nas reuniões em que discutem propostas antidemocráticas. Em decorrência do posicionamento político-partidário-ideológico dos menos favorecidos, os deputados e senadores da corrente que topa tudo por dinheiro escancaram o mau humor destilado contra todos que ousam opinar contrariamente ao pária que amam adorar. Em decorrência, ficam irritados com qualquer projeto do governo que possa favorecer à sociedade, notadamente os pobres.

Como diriam os intelectuais, é um Congresso mancomunado e em conluio com os desajustados, os degenerados, mercenários e, por que não dizer, com o crime organizado. Na mais óbvia inversão de valores, virou norma para as chamadas excelências a defesa de impeachment para cidadãos e autoridades que exigem o cumprimento da lei e a anistia ampla, geral e irrestrita para os transgressores, desobedientes e golpistas. É este o Brasil que temos, não é este o Brasil que queremos, mas será o Brasil que continuaremos a ter caso não consigamos mostrar ao político malandro que não é só a mãe dele que fez filho esperto.

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Misael Igreja é analista de Notibras para assuntos políticos, econômicos e sociais

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