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Brasília dá uma pausa na crise e relaxa ao som de xote e salsa

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Kim Oliveira

Esvaziada de políticos nesse feriadão após dias estressantes, Brasília dá uma pausa na crise porque ninguém é de ferro. A ordem é relaxar e curar a ressaca também da véspera, quando a cidade comemorou seus 56 anos. A melhor pedida é ir ao Taboo, e deslizar os pés ao som da Passaport Dance Orquestra, que resgata velhos boleros no Hotel Nacional com o projeto Venha Dançar.

A iniciativa, criada em 1987 e agora resgatada após um período hibernando, nasceu com o propósito de trazer grandes orquestras nacionais para a Capital Federal, no palco do Gran Circo Lar, à época localizado onde hoje fica a Biblioteca Nacional. O projeto fez muito sucesso durante três anos com nomes de peso como a hoje octogenária Orquestra Tabajara – Patrimônio Imaterial do Estado do Rio de Janeiro, maestro Cipó e Orquestra Valdir Calmon. É com o viés de resgatar a cultura musical de Brasília, que o “Venha Dançar” volta às pistas de dança.

Idealizado por Dilmar Mattos, produtor cultural, o projeto voltou com um diferencial. Ao invés de receber orquestras, uma orquestra fixa foi construída para dar rosto ao espetáculo. Surgiu, assim, a Orquestra Passaport Dance.

“Estava com o maestro Leonardo Bruno, que é meu amigo de infância, no bar Amarelinho, no Rio de Janeiro, quando começamos a discutir a retomada do projeto nos moldes do que foi feito na década de 1980 em Brasília. Na época, recebíamos grandes orquestras nacionais que vinham se apresentar na cidade, no Gran Circo Lar. Durante essa conversa Leonardo sugeriu que criássemos uma orquestra com músicos locais e me indicou o maestro Fabiano Medeiros para coordenar o trabalho”, conta Dilmar.

Segundo o produtor cultural não há nada igual na cidade, onde o foco é a dança. “O cheiro, o traço e a cor desse projeto é a dança e não existe nada parecido na cidade. É um trabalho duro, de conquista de espaço. Ao visitarmos outros projetos relacionados à bailes, vimos um público mais jovem que se reúne para dançar”, afirma.

O que se vê por todo esse Brasil, enfatiza Dilmar, são bailes sempre lotados. “É claro que existem pessoas que irão sentar e apreciar a orquestra, mas a predominância é de quem quer dançar. A ideia é fazer um cruzamento etário. Os bailes que eu visitei têm esse rosto, 80% das pessoas estão acima dos 40 anos. A gente sabe que existe um grupo na cidade entre 25 e 40 anos que também gosta de dançar. Queremos atrair todas as faixas etárias. Acreditamos que será um grande sucesso pelo vocacional desse público, que já existe, que gosta de dançar, e pelo ineditismo do projeto, que traz uma orquestra formada por músicos locais”, considera o produtor.

O maestro Fabiano Medeiros, coordenador da Orquestra Marafreboi, conhecida por trazer a alegria pernambucana em forma de frevo para o carnaval brasiliense, vai reger os músicos. Com quatro saxofones (dois altos e dois tenores), três trombones, três trompetes, baixo, guitarra, três percussionistas e uma cantora, a Passaport vai tocar um repertório de salsa, bolero, merengue, forró, clássicos da MPB e músicas de orquestras tradicionais.

SERVIÇO – Venha dançar – Dia 22/4, no Taboo Grill Restaurante (Hotel Nacional, Setor Hoteleiro Sul, Quadra 1). Ingressos a R$ 40. Informações e reservas: 9108-4745 e 8234-6675.

MEMÓRIA – O Gran Circo Lar, foi um tradicional espaço cultural, ficava localizado nas proximidades da Rodoviária do Plano Piloto, na Esplanada dos Ministérios, mais precisamente, onde fica hoje a Biblioteca Nacional.

O “circo”, construído em alvenaria, era paramentado com suntuosos azulejos portugueses e trazia as paredes internas pintadas em cores definidas por Athos Bulcão.

Demolido em 1999, para dar lugar ao Complexo Cultural da República, o Gran Circo Lar abrigou ainda grandes shows de rock e projetos sociais voltados à comunidade. Foi nesse local que Raul Seixas fez seu último show, poucos dias antes de falecer, em 1989.

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