Curta nossa página


Marina Dutra

Burnout e a Cultura do “Sempre Produtivo”

Publicado

Autor/Imagem:
Marina Dutra - Foto Francisco Filipino

Mais da metade dos trabalhadores brasileiros apresentam sintomas de burnout, já classificada pela OMS como uma síndrome ocupacional. Os sintomas mais comuns são: acordar exausto, arrastar-se para o trabalho, sentir esgotamento físico e mental daqueles que nem um fim de semana prolongado cura. Se isso te parece familiar, você não está sozinho e entenda, não é fraqueza sua.

O burnout é na verdade um grito de socorro do seu corpo e da sua mente contra um sistema que associa a produtividade com o valor humano. Ignorar esse grito de socorro é perigoso e pode custar caro demais, mas ao compreendê-lo você dá o primeiro passo para recuperar sua vida.

O burnout não é simples cansaço. É uma síndrome de exaustão física, mental e emocional profundas, na qual a pessoa sente que nada do que faz importa, perde motivação, se distancia emocionalmente do que deveria importar, isso é chamado de cinismo pelos especialistas. É como se fosse uma barreira de autoproteção: o corpo e a mente estão tão esgotados que dizem “tanto faz”.

No dia a dia, são as enxaquecas persistentes, as noites de insônia revirando preocupações, o temperamento explosivo e a incapacidade de sentir prazer onde antes existia motivação. Pesquisas mostram que o estresse crônico do burnout eleva o risco de doenças cardíacas e depressão.

A raiz emocional desse mal está na internalização de uma crença limitante: a de que nosso valor como pessoa está intrinsecamente ligado à nossa produtividade.

O burnout se instala quando ignoramos sistematicamente os sinais de cansaço, quando dizemos “sim” quando o corpo pede “não”. A mensagem por trás da crise é clara: “Pare. Você não é uma máquina. Sua existência precisa de significado, não apenas de resultados”.

Reverter esse quadro exige desaprender a lógica da produtividade tóxica. Comece pequenas ações:

 defina um horário intocável para desligar notificações de trabalho, após às 19h, o mundo corporativo pode esperar.

 Resgate o direito ao ócio: permita-se 15 minutos diários para não fazer absolutamente nada, sem culpa. Olhar pela janela, sentir o sol na pele, isso não é perda de tempo, é investimento em saúde mental.

 Redefina sucesso: toda manhã, pergunte-se “O que me traz energia hoje?” e priorize essa atividade, mesmo que seja breve, como ler um poema ou cuidar de uma planta.

Essas práticas não são paliativos, mas sim revoltas silenciosas contra a cultura do esgotamento.

Sair do burnout é uma jornada de resgate da própria humanidade. É sobre reconectar-se com o prazer nas pequenas coisas e entender que descanso não é prêmio, é necessidade básica. Cozinhar uma refeição com atenção, caminhar sem destino, alongar o corpo com gentileza, são atos revolucionários. A terapia é um espaço seguro para curar essa relação ferida com o trabalho e reconstruir uma vida com equilíbrio e propósito. Qual é a primeira pequena ação que você pode estabelecer hoje para honrar seu próprio ritmo?

Lembre-se: buscar ajuda não é derrota, é estratégia de sobrevivência emocional. Você merece uma vida que vá além da sobrevivência.

……………………….

Marina Dutra – Terapeuta
Instagram: @sersuperconsciente
E-mail: sersuperconsciente@gmail.com

Publicidade
Publicidade

Copyright ® 1999-2025 Notibras. Nosso conteúdo jornalístico é complementado pelos serviços da Agência Brasil, Agência Brasília, Agência Distrital, Agência UnB, assessorias de imprensa e colaboradores independentes.