Os golpistas
Cada país tem a família que merece, tipo Irmãos Metralhas
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Eu sei que cada família tem um jeito diferente de funcionar. Algumas naturalizam certos hábitos que, quando vistos de fora, podem parecer estranhos ou até inaceitáveis. Sempre digo que cada família é um mundo, e, por experiência própria, aprendi a não me espantar tanto. Aqui do alto dos meus quarenta anos, poucas coisas realmente me chocam.
Mas ontem à noite, confesso: fiquei de boca aberta. A Polícia Federal revelou algumas mensagens trocadas entre Eduardo Bolsonaro e seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. E o que eu vi ali não parecia conversa de pai e filho, parecia briga de boteco. Eduardo mandando um “VTN”… Oi? Eu li certo?
Não tô acostumada com isso. Não consigo nem imaginar eu mandando meu pai tomar no cu. Aqui em casa, mesmo com todas as diferenças, existe o mínimo de respeito. Não é que a gente viva num conto de fadas familiar, longe disso. Já tivemos brigas, mágoas, portas batidas. Mas existe uma linha que ninguém cruza, um limite que sustenta a relação.
E talvez seja isso que me assusta nessas mensagens: a ausência completa dessa linha. Porque se o respeito não existe nem dentro da família, o que sobra fora dela? Se entre pai e filho a comunicação chega nesse nível de agressão, o que esperar das relações com o resto do mundo?
Cada família é um mundo, eu sei. Só que alguns mundos, sinceramente, parecem mais distópicos que qualquer ficção científica.