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Antes tarde do que nunca

Campos Neto conversa, mas há pedras no caminho

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Autor/Imagem:
João Moura* - Foto de Arquivo

Na vida real, o diálogo se transforma em lema para solucionar as pendengas que nos afligem e carecem de uma solução. No campo da política-ideológica, finalmente o presidente Lula e Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, se encontraram. A reunião, promovida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, serviu para que Campos Neto se livre da sua imagem de bolsonarista. Não será fácil, mas, antes tarde do que nunca.

Ainda falta muito para que se possa dizer que Lula e Campos Neto são – ou pretendem ser – bons amigos. Porque, de fato não são. Principalmente no campo da economia, quando as narrativas de ambos seguem caminhos bem diferentes.

Como existe uma necessidade de Campos Neto de limpar sua imagem bolsonarista, estreitar amizades depois de 9 meses do atual governo, faz bem para ele oxigenar o ritmo demasiadamente lento da queda da taxa básica de juros no Brasil e dar ares de que é possível ao povo trabalhador sonhar com dias melhores na economia e menos arrocho no bolso.

Lula está convencido – e não é por menos – que os valores astronômicos da Taxa Selic estrangula a retomada econômica que o país tanto precisa. E olha que a condução da economia pelos petistas está se saindo melhor que a encomenda na visão deles – advinha quem? – João Dória e Rodrigo Maia.

Dória, por ora afastado da política, já soltou elogios em ambos os lados. Outro que também está fora (pelo menos dos holofotes do Congresso), o ex-deputado e ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, andou dizendo por aí que “Haddad faz ótimo trabalho”.

Disse. Mas já faz um tempo isso…

Maia, que agora é porta-voz do setor financeiro, diretor-presidente da CNF – Confederação Nacional das Instituições Financeiras, recentemente ressurgiu e não poupou críticas às medidas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente o Arcabouço Fiscal e a Reforma Tributária.

Afirmou Rodrigo Maia que na reforma tributária que instituirá o IVA, o setor financeiro não está pedindo privilégios, mas considera que o principal é não tributar o spread bancário.

O ex-deputado não virou a casaca – continua em defesa do neoliberalismo que assalta a viúva e extorque os órfãos de uma política econômica séria.

Ao defender a não tributação do spread bancário, o ex-deputado, em outras palavras, quer que os bancos e as instituições financeiras como um todo, continuem ganhando dinheiro fácil. Spread bancário é a diferença entre os juros que o banco paga para captar recursos e os juros cobrados para emprestar dinheiro.

Nessa operação, o lucro é altíssimo, onde o percentual mínimo cobrado está entre 0.90 e 1% no pagamento de recursos captados e, ao emprestar, os bancos e IF’s, cobram até 4.5% ou mais de juros, dependendo do produto financeiro que está sendo vendido. Esta diferença oxigena e aumenta o volume de dinheiro no bolso dos banqueiros e demais agentes do setor financeiro.

Os defensores de El Chaco dirão: “Mas, e os riscos” de emprestar o rico dinheirinho dos banqueiros? Ora, ora… pois, pois… Rodrigo Maia, aos poucos, vai suavizando sua linguagem no contexto da polêmica dos exorbitantes juros. Já os riscos – e caberá ao BC responder – serão “cobertos”, Roberto Campos, por algum plano futuro tipo “Desenrola Brasil”?

Em síntese, antes tarde do que nunca. É com o que os simples mortais sonham.

*Pensador errante que às vezes, acerta… outras vezes… observa.

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