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Caminho das urnas

Candidato torrará dinheiro alheio em eleição casuística

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Autor/Imagem:
Kleber Ferriche

Menos de 72 horas antes de vencer o prazo de anualidade, que é o tempo mínimo para fazer viger a lei, o Congresso Nacional mudou as regras de financiamento de campanhas políticas. As contribuições de empresas são proibidas, mas não as de pessoas físicas, que até podem participar de crowdfunding – espécie de vaquinha por meio da internet.

Na última eleição de Dilma, petroleiros e açougueiros torraram 384 milhões de reais. Agora os candidatos ao cargo de presidente, já que não existe presidento e presidenta, só poderão dar sumiço em no máximo 70 milhões de reais. Governadores 21 milhões e senadores 5,6 milhões.

Uma grande curiosidade é que os congressistas determinaram também um teto mínimo para governadores (2,8 milhões) e senadores (2,5 milhões). Espere aí, um cidadão só poderá entrar na disputa se tiver o mínimo determinado por eles? Os dois cargos então deixam de ser eletivos e passam a ser seletivos, não são para todos. Ainda assim, existe um conflito no assunto: o autofinanciamento, ou seja, meter a mão no próprio bolso está permitido, desde que não ultrapasse 200 mil reais.

A contabilidade congressual pretende arrecadar e distribuir cerca de 2 bilhões, como todos sabem. Parte vem de 30% das emendas e outra parte da contrapartida das inserções políticas extemporâneas nas emissoras de rádio e TV, que deixam de existir. São aquelas chatices partidárias em vídeo que interrompem a fala de Willian Bonner e Renata Vasconcellos no velho Jornal Nacional. A propaganda, entretanto, será mantida no período eleitoral.

Outra restrição foi a proibição do telemarketing, que eram aquelas ligações telefônicas fraudulentas gravadas com a voz do candidato para desejar bom dia. E desligava imediatamente, não deixando as pobres velhinhas ao menos agradecerem. De um lado deixam e liberam as redes sociais, inclusive os canais em que é possível pagar para obter o chamado impulsionamento. De outro, proíbem o uso do telemarketing que é a mesma coisa.

Luiz Fux, recém-eleito presidente do TSE, diz que vai prender e arrebentar as fakenews. Embora seu mandato não alcance as eleições de 2018, mostrou que tem atitude. E coragem. Não é uma tarefa fácil fazer a limpeza na web, até porque muitos acreditam que as fakenews são a essência do sistema global instantâneo. E dizem que é impossível viver sem as mentiras difundidas nas redes sociais. Não tem graça.

Diante das mudanças, digamos, financeiras na indústria eleitoral, Lula continua andando de uma parede a outra, como barata tonta, pregando a sua supremacia aos 20% restantes da população ainda crédula. Jair Bolsonaro dispara sua metralhadora sem perguntar aos superiores se o discurso está de bom tamanho.

Nos dois casos, a performance tem custo. Quem está pagando o tour e quem vai pagar o Caixa 1 de 70 milhões de reais, agora sem petroleiros e açougueiros? Nós, contribuintes, mais uma vez. Os deputados e senadores de 2,5 milhões por cabeça, trocaram escolas e hospitais por serviços gráficos, estúdios de gravação e jatinhos.

Mas se os candidatos forem econômicos, quem sabe não será possível uma sobrinha de campanha. Lula conta ainda com as contribuições individuais e será orientado a arrecadar pelo bolsa-família que o Temer jura que vai pagar.

A imprensa está de olho na futura lista de contribuintes em um ano em que não haverá no Brasil Copa do Mundo nem Olimpíadas. O pré-sal está à venda. Os antigos aliados não podem usar o cartão de crédito na atual moradia gratuita onde estão. Pouco mudou e os leilões de legendas e suplências vão continuar.

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