Nuvem passageira
Candidatura do 01 é como Fla-Flu em Maracanã esvaziado
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No Brasil que a família Bolsonaro quase transformou na Faixa de Gaza, é preciso ter coragem para se assumir contra as barbaridades propostas pelo conservadorismo bandido. A mais recente delas, a PEC da Blindagem, abria as portas do Congresso para o crime organizado. Por um lampejo de coerência do colegiado da CCJ do Senado, a proposição foi rejeitada por unanimidade. Enterrada no nascedouro, a marmota sugerida pelos bolsonaristas da Câmara criava meios e mecanismos de proteção e imunidade destinados a parlamentares que respondem a processos criminais e civis, incluindo crimes de maior gravidade como assassinato, roubo e pedofilia, entre outros.
Do tipo nuvem passageira e sem chance de prosperar, a candidatura de Flávio Bolsonaro é como o Fla x Flu, que começou 40 minutos antes do nada. A diferença é que o clássico carioca despertou multidões e 01 as calou 40 segundos após se lançar rumo à glória que dificilmente alcançará. Falta ao senador o que sobra no pai: originalidade golpista. Jair Bolsonaro nunca escondeu o desejo da perpetuação no poder. Como não tem aquilo roxo, bastou que lhe dessem um mínimo de poder para que ele confirmasse o que a maioria do povo brasileiro já sabia: a ausência absoluta de caráter.
Desafinado politicamente, mas dissimulado, Flávio Bolsonaro não esconde o DNA golpista, embora jure por todos os demônios que é democrata desde o primeiro coturno. Imaginá-lo na Presidência da República é o mesmo que reabrir as feridas deixadas pelo pai e, com muito sacrifício, cicatrizadas pela esperança depositada por boa parte da sociedade em Lula da Silva. Sombrio, perverso e dissociado da realidade mundial, o tempo do Jair realmente se assemelhava à Faixa de Gaza. Por isso, durou pouco e está enterrado no fundo do poço da maquiavélica mediocridade. Voltar ao caos só para os que aceitam viver como zumbis.
Período de incertezas, de resistência, omissão e de nenhuma conquista, o governo acima de todas as leis e normas capitulou após o cheiro da morte atingir consensualmente a dignidade política de pobres e ricos. Cantar na chuva servia apenas como controle das incertezas do dia seguinte. Depois da descoberta do Nordeste como região mais promissora e mais democrática do país, eis que o bolsonarismo tenta se reerguer com Flávio Bolsonaro. O filho 01 deverá provar do mesmo veneno destilado pelo pai enquanto se homiziou nos palácios do Planalto e do Alvorada.
Não sou reacionário, mas reajo a tudo que é ruim. Daí minha ojeriza àqueles que se opõem à democracia, se fingem de desentendidos, mas não passam de predadores da inocência, da ingenuidade e da incapacidade de raciocínio lógico das pessoas que se deixam levar pela esperteza dos desprovidos de caráter. No melhor estilo Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro escancarou o método familiar político ao afirmar que só abandona o sonho presidencial se o pai estiver incluído nas urnas. Como dizem os mais velhos, pode morrer com os dentes arreganhados. Quanto aos que ainda defendem o clã, é bom lembrá-los que um povo que elege corruptos, impostores, golpistas e traidores não é vítima. É cúmplice.
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Heliodoro Quaresma, jornalista com passagem por vários jornais do país com sucursais em Brasília, decidiu, após 15 anos de aposentadoria, colocar sua velha Remington em lugar de destaque na estante da sala e usar um Notebook seminovo para escrever semanalmente para Notibras.