CARAMUJO NUCLEAR

Na tarde lenta Solano vaga

bicho só

besta de cão

caramujo nuclear

Solano só

ao sol vaga

escorregando pela praia

Solano só passa

e vaga e vaga

vaga por vagar

lombriga lisa vaza

fluxo limbo baba e gosma

seja sol noite

tarde nada

leva nas costa o lar

Solano ao sol

é só vergar

repleto de memórias

rabiscos de imagens

Solano torce e retorce e torce

avesso do avesso e tesso

tromba esfrega e pega e prega

funda inunda e abunda

trapiches a naufragar

eta vida besta boa

viver é solanear

Na tarde lenta Solano vaga

bicho só besta de cão

besta bossa e basta:

imágico e significante

caramujo nuclear.

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Gilberto Motta é escritor, jornalista e professor/pesquisador; passeia todas as manhãs com Solano lá pras bandas das trilhas do Vale da Utopia. Vive na Guarda do Embaú, vilazinha de pescadores do litoral Sul de SC.