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Caseiro malandro dizia que peça quebrava e depenava o Sítio do Dragão de Figueiredo

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José Escarlate

Uma das grandes paixões do general João Baptista de Figueiredo era o Sítio do Dragão, no alto da região serrana do Rio, em Nogueira, Petrópolis. Um vale cercado de verde, com 35 mil metros quadrados.

No Sítio do Dragão ele se isolou quando saiu da presidência. Voltou a desfrutar do seu maior prazer: o hipismo.

Durante seu governo, estive lá algumas vezes. Era mesmo um refúgio de encher os olhos. O sítio tinha um haras completo com seis baias e pista de equitação, lago, campo de futebol e cinco casas, em estilo chalé, de madeira e pedra.

Ele reservou seu próprio cantinho em uma delas, com o conforto de uma banheira de hidromassagem. A mulher, dona Dulce, costumava se hospedar numa cabana separada.

A casa principal ficava para filhos e netos. O que antes era cuidado com muito carinho pelo próprio Figueiredo, passou a ser tarefa dos caseiros que tomavam conta do sítio. As visitas se tornaram bastante raras depois da doença e da morte do ex-presidente. As baias, que recebiam dele um cuidado irrepreensível, tiveram que ser alugadas para custear as despesas com a limpeza do sítio.

Construídas há mais de 35 anos, as casas nunca passaram por uma reforma. Empregados mais antigos, da confiança do ex-presidente, contavam que ele era muito exigente, cuidadoso, mantendo tudo em perfeito estado.

No Sítio do Dragão, Figueiredo abrigava o seu museu particular. Ali ele reunia uma série de peças, presentes que receberá de outros Chefes de Estado, em visitas ao Brasil e no exterior.

Um dia, esse acervo foi pilhado. Adriana, mulher de Paulinho, notou o sumiço de alguns objetos da propriedade, que estavam nas casas do sítio. “A área era muito grande – disse Adriana – não tínhamos como averiguar em cada casa o que estava faltando”. Com a reforma, as coisas ficaram mais claras. O caseiro dizia que as peças foram quebradas, estragado ou algo do tipo.

Quando a polícia entrou no caso, descobriu que ele havia vendido as peças que furtou, na vizinhança. Trocou uma sela de cavalo por quatro frangos. Das 21 bombas d’água, ficaram seis apenas.

O tapete persa, avaliado em R$ 12 mil, foi vendido por R$ 100. Na cavalariça, que era cheia de selas e bridões, sobraram apenas quatro selas, um chicote e um chapéu velho. Desapareceram coleções de moedas, medalhas, as espadas do general, bibelôs e baixelas de prata, e até .móveis e roupas de cama.

PV

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