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Ceará

Castanha de caju é futuro e riqueza do semiárido

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Autor/Imagem:
Júlia Severo - Texto e Foto

O Nordeste brasileiro é marcado pela força de sua cultura, pela resistência de seu povo e pela constante reinvenção diante das adversidades impostas pelo clima. Nesse cenário, o Ceará desponta como protagonista em uma atividade que alia tradição, economia e inovação: a cajucultura. Mais do que uma cultura agrícola, o caju e, sobretudo, a castanha-de-caju, tornaram-se símbolos de prosperidade regional, com peso decisivo na balança comercial e impacto direto na vida de milhares de famílias sertanejas.

Segundo dados recentes da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceará, o estado responde por aproximadamente 71% de toda a produção brasileira de castanha-de-caju. A estimativa para a safra de 2025 gira em torno de 101 mil toneladas, consolidando o Ceará como epicentro nacional dessa cadeia produtiva.

Municípios como Beberibe, Aracati, Bela Cruz e Ocara destacam-se como grandes produtores, responsáveis por volumes expressivos que abastecem tanto o mercado interno quanto o externo. Beberibe, por exemplo, registrou uma produção superior a oito mil toneladas em 2024, ocupando a segunda posição entre os municípios mais produtivos do estado.

A história recente da cajucultura cearense é marcada pela introdução do cajueiro-anão precoce, uma variedade desenvolvida para atender às necessidades do semiárido. Com porte reduzido, rápido início de frutificação e maior produtividade por hectare, essa inovação representa um divisor de águas para pequenos e médios agricultores.

A tecnologia aplicada, com apoio da Embrapa Agroindústria Tropical, permitiu ganhos significativos de eficiência. O cajueiro-anão possibilita colheitas regulares, mesmo em áreas de solo e regime hídrico desafiadores, tornando-se peça chave para a permanência da cajucultura como motor econômico da região.

A cajucultura não é apenas um negócio. Trata-se de uma atividade que sustenta comunidades inteiras. No campo, o cultivo e a colheita geram milhares de empregos sazonais, essenciais para famílias de baixa renda. Nas cidades, o beneficiamento da castanha, o processamento do pedúnculo (parte carnosa do caju) e a comercialização agregam valor e movimentam o comércio local.

Além da dimensão interna, a castanha-de-caju é também produto de exportação. Com alto valor agregado, ela garante entrada de divisas e contribui para o fortalecimento da imagem do Brasil como fornecedor de alimentos saudáveis e de qualidade. Em mercados da Europa, da Ásia e da América do Norte, a castanha cearense é apreciada como iguaria nobre, ao lado de amêndoas, nozes e pistaches.

O caju e sua castanha são, ao mesmo tempo, patrimônio cultural e ativo econômico. Estão presentes na culinária, na paisagem sertaneja e na identidade do povo nordestino. Porém, ao lado da tradição, cresce o chamado à modernização e à integração global.

O Ceará, ao assumir a liderança absoluta na produção nacional, carrega também a responsabilidade de mostrar que é possível conciliar desenvolvimento, inclusão social e sustentabilidade. A castanha-de-caju, fruto aparentemente simples, pode se transformar em símbolo da capacidade do semiárido de prosperar, inovar e contribuir de forma decisiva para o futuro do Brasil.

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