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Tubarão e bagrinho

Centrão começa a ensaiar para a ópera final do Lula 4 e garantir o seu

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Autor/Imagem:
Mathuzalém Júnior - Foto Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr

Em crise numérica, afetiva e existencial, o Centrão começa formalmente a busca pela consolidação de um porto mais seguro. O canto gregoriano dos mais poderosos do blocão tem por objetivo alcançar uma provável (quase certa) vaguinha na ópera final do Lula 4. Tudo em nome de futuros espaços para seus tenores, sopranos, contraltos, barítonos e até os baixos, os quais estão em baixa desde a posse das novas mesas da Câmara e do Senado. Donos dos instrumentos, incluindo o piano de cauda, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), subiram com a proposta de anistia para a bandidagem do 8 de janeiro e agora só tocam na direção do Palácio do Planalto.

Faz parte da proposta de acordo entre Legislativo e Judiciário a redução da pena dos bárbaros, mas nunca a anistia ampla, geral e irrestrita. Assim como tudo tem seu preço, é assim que a banda toca. A conta chegará após a eleição de 2026. Simples assim. Enfim, o fato é que hoje a maré está mais para tubarão de toga do que para bagrinho que ainda se acha um melro. Mesmo assim, a ordem naquela seita que prega em círculos se mantém inalterada: Ninguém vai ao Pai se não for pelas mãos do mito. Afinal, ele é o caminho, a verdade e a vida. É o que propõe Silas Malafaia, para quem Alcolumbre e Motta viraram capachos do STF. E ele?

Embora os fanáticos da seita acreditem em seu discurso de “salvação”, o falso profeta dos palanques só está preocupado em acumular riqueza por meio da fé. Não consegue sequer tirar o aprendiz de feiticeiro da berlinda em que se encontra desde que se achou o dono do mundo. Nunca foi, não é e jamais será. Os votos disseram isso em um passado bem recente. Agora, resta torcer para que os votos que não precisam ser depositados na urna eletrônica sejam pelo menos um pouco mais generosos com relação ao tempo que o deixarão fora do ar.

Curioso, mas o versículo 1:7:1 da Bíblia (sempre ele) revela que “Eis que surgirá um falso Messias que se unirá a falsos profetas e muitos falsos cristão irão adorá-lo”. Tudo a ver com a lenda urbana e com o que vivemos antes e depois de 2018. A Avenida Paulista e a orla de Copacabana são os novos púlpitos dos sacerdotes que vestem peles de cordeiro, mas não passam de lobos devoradores. A Bíblia nunca erra. Como Deus é brasileiro, o Messias mal chegou e já dançou.

Dançou antes do tempo porque deve ter sido informado que no céu não entram mentirosos, muito menos negacionistas e disseminadores de fake News. Portanto, ainda há tempo da remissão dos pecados. Enquanto a justiça não vem, boa parte dos seguidores fiéis e dos nada-fiéis vagam na terra da qual pretendiam ser os donos. Como se fossem maestros sem partitura, cirurgião sem bisturi ou Claudinho sem Bochecha, os “patriotas” e os simpatizantes das causas do sem-causa Messias estão cada vez mais perdidos.

Sem um mito para tocar, apalpar e chamar de seu, eles não sabem o que fazer para manter acesa a esperança de dias melhores na política brasileira. De poderosos sem limites de inabilidade a malandros agulha foi um salto maior do que suas próprias pernas. Como se esqueceram de que povo mal notará o que se diz, mas nunca do que se faz na terra, os representantes da tal seita se cansaram pouco depois da reta final e, sem chances de reverter a derrota, começam a andar para trás. O acordo para acabar de vez com o conchavo da barbárie deverá obrigá-los a andar a ré.

Os governadores supostamente prontos para a sucessão precisam ter coragem e capacidade para aproveitarem o momento de repensar a busca pelos votos eleitorais. Os episódios que dividiram e entristeceram a República são a prova de que o Brasil não suporta mais discursos radicais e de militância. O povo se cansou do rame rame de que esse não gosta daquele porque é de esquerda ou de direita. Venham de qualquer lado, mas tragam propostas e ideias capazes de minimizar as mazelas da população. Quanto aos falsos profetas, a maior desgraça é que eles não querem o inferno só para eles. Para onde forem, levarão juntos os fanáticos.

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Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

 

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