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China responsabiliza uigures por atentado que deixou 29 mortos

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As autoridades chinesas prometeram responder com veemência ao ataque “terrorista” a uma estação de trem da cidade de Kunming, sudoeste do país, que deixou 29 mortos e dezenas de feridos neste sábado, 1 de março.

O ‘número um’ da segurança pública chinesa, Meng Jianzhu, anunciou neste domingo que “os terroristas serão severamente punidos” e alertou que tomará “medidas enérgicas para reprimir as atividades terroristas violentas”.

“Nada justifica os ataques contra civis”, disse em comunicado o porta-voz do Congresso Mundial Uigur, Dilxat Raxit, para quem as políticas repressivas e discriminatórias levam a “medidas extremas”.

O ataque teria sido perpetrado por muçulmanos uigures, provenientes da região de Xinjiang que, no momento do crime, estavam vestidos de preto e armados com facas – assim como as vítimas descreveram os agressores que teriam entrado na estação e e começado a “apunhalar qualquer pessoa que estivesse a seu alcance”.

A província de Xinjiang, uma região autônoma da China, é, desde 2009, cenário de violentos ataques entre uigures – uma minoria muçulmana – e chineses da etnia han. No entanto, ataques a civis são raros, especialmente fora da região.

O ataque na estação de trens de Kunming, capital da província de Yunnan, também deixou 130 feridos e ocorreu dias depois da abertura da sessão anual do parlamento chinês.

A polícia matou a tiros quatro agressores, prendeu um quinto membro do grupo e iniciou uma busca para encontrar os outros, indicou a agência de notícias Xinhua, que chamou a matança de “11 de Setembro chinês” e de “crime contra a humanidade”.

O presidente chinês Xi Jingping pediu para que os esforços sejam redobrados a fim de esclarecer os fatos, e para que os responsáveis sejam devidamente punidos “segundo a lei”.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, expressou sua mais sincera reprovação a este “terrível ataque contra civis”, afirmou por meio de seu porta-voz.

Especialistas alertam para um aumento da violência na China. “O impacto psicológico na opinião pública será gigantesco”, o que poderia justificar uma vasta operação de repressão, alerta Shan Wei, pesquisador da Universidade de Singapura.

A rede social chinesa Weibo mostrava, na noite de sábado, imagens dos sangue espalhado na estação de trem e médicos atendendo às vítimas no local. A veracidade das imagens não pode ser comprovada.

A China é alvo de críticas internacionais por sua discriminação contra as minorias de Xinjiang e do Tibete. Analistas ocidentais contestam as justificativas dadas por Pequim, se garante enfrentar uma jihad mundial no seu território.

“Sem sombra de dúvidas, os empresários discriminam Xinjiang” por causa dos muçulmanos, afirma o especialista em política étnica da Universidade de Ciências de Hong Kong Barry Sautman.

Sautman também ressaltou que o islamismo radical prosperou na Ásia Central após o desmantelamento da União Soviética e acredita que, ao invés de repressão, o segredo para apartar estas tensões é a discriminação positiva e maior autonomia para as regiões separatistas.

Ferido no peito e nos ombros, Yang Hanfei, uma das vítimas do ataque, disse que estava comprando uma passagem quando os agressores se aproximaram. Ele tentou fugir ao se misturar na multidão.

Quem conseguiu escapar do sanguinário ataque tentava desesperadamente encontrar seus familiares e amigos, perdidos de vista em meio ao caos.

“Não consigo encontrar meu marido e seu telefone celular não atende”, disse Yang Ziqing à agência Xinhua. “Estávamos esperando um trem pra Xangai quando um homem armado com uma faca veio para cima de nós”, contou.

Além disso, nas imagens cuja veracidade não foi confirmada, era possível ver inúmeras pessoas ao redor do terminal de trem, especialmente policiais e equipes médicas.

Barry Sautman disse que o ataque tem “um forte valor simbólico”, já que mostra “que o grupo por trás da organização pode atacar em qualquer lugar”.

Os ataques com facas e explosivos são frequentes em Xinjiang, onde vivem a maior parte dos uigures de confissão muçulmana. A região fica a 1.600 km de Yunna.

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