Alagoas
Ciclo do açúcar ainda deixa muita gente com água na boca
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Entre os séculos XVI e XIX, o açúcar foi o principal produto de exportação do Brasil colonial e, em Alagoas, essa atividade moldou profundamente a economia, a paisagem e a estrutura social. O chamado Ciclo do Açúcar deixou marcas visíveis até hoje, tanto na arquitetura quanto nas tradições do estado.
A produção açucareira em Alagoas começou a ganhar força a partir do século XVII, com a instalação de grandes engenhos ao longo do litoral e do vale do rio Mundaú. As terras férteis e o clima favorável foram decisivos para o cultivo da cana-de-açúcar.
Esses engenhos reuniam não só as moendas e caldeiras para processar a cana, mas também senzalas, casas-grandes e capelas, formando pequenas comunidades controladas por senhores de engenho.
Durante o auge do ciclo, Alagoas tornou-se uma das maiores produtoras de açúcar do Nordeste. O produto era exportado para a Europa e movimentava fortunas.
Os senhores de engenho detinham grande influência política e social, controlando vastas áreas de terra e comandando a vida econômica da região. Ao redor desses engenhos, formavam-se vilas que mais tarde se transformariam em cidades importantes, como Marechal Deodoro e Penedo.
Por trás da prosperidade açucareira, havia a dura realidade do trabalho escravo. Milhares de africanos foram trazidos à força para trabalhar nos canaviais e nos engenhos, enfrentando jornadas exaustivas e condições desumanas.
A herança cultural deixada por esses povos, porém, é imensa — influenciando a música, a culinária, as danças e as crenças religiosas de Alagoas.
A partir do final do século XIX, o ciclo do açúcar em Alagoas começou a perder força devido à concorrência internacional e à abolição da escravidão. Mesmo assim, a cana continuou sendo importante para a economia local, com usinas mais modernas substituindo os engenhos tradicionais.
Hoje, o setor sucroalcooleiro ainda tem relevância, mas já não ocupa o papel central que teve no passado.
O ciclo do açúcar deixou marcas arquitetônicas — como casarões coloniais, igrejas barrocas e ruínas de antigos engenhos — e também influenciou o folclore, a culinária e as festas populares.
Em cidades como Marechal Deodoro, Porto Calvo e União dos Palmares, é possível visitar engenhos preservados e conhecer de perto a história dessa época que foi doce para alguns e amarga para muitos.