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Morte no Samu

Cirrose, anemia, pneumonia. Médico, porém, não é Deus

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Bartô Granja

Uma perda humana é sempre lamentável. Mas quando um paciente em estado grave morre aos cuidados emergenciais de uma equipe médica, o caso ganha proporções alarmantes, em especial quando se fala no sucateamento da saúde pública de Brasília.

É isso o que tem acontecido em Brasília. Morreu, chuta-se o cachorro morto – no caso, as autoridades da área, muitas delas supostamente envolvidas com propinas de emendas parlamentares.

É preciso o mínimo de discernimento para saber o que está acontecendo. Por pior que esteja a situação, não se pode dar tons alarmantes ao fato de um paciente ter morrido em uma ambulância. Precisamente usando-se da justifica da falta de combustível, o que não foi o caso.

É essa leitura que deve ser feita em torno da nota de esclarecimento emitida pelo Samu, sobre a morte do paciente A.P.F., quando estava sob os cuidados de uma equipe de profissionais do Samu.

Excetuando-se a possibilidade – remota -, de um dos membros da equipe de atendimento ser dono de funerária, é preciso corrigir distorções. Além disso, essa fatalidade pode ser muito bem enquadrada na conta dos que procuraram desacreditar o Samu, de olho na entrada das OS’s na área da saúde.

Quem der o mínimo de atenção à nota assinada por Rafael Vinhal da Costa, gerente do Samu-DF, verá que há muita distorção no noticiário, com um recheio de alarme. E notará que médico não é Deus, principalmente quando tem sob seus cuidados, em caráter emergencial, um paciente com quadro de cirrose, anemia, ascite, insuficiência renal e pneumonia, em uso de antibióticos. Vale acrescentar que a vítima estava hemodinamicamente instável, mantendo-se hipotensivo com o uso de drogas vasoativas.

Veja a nota divulgada pela Secretaria de Saúde, nesta sexta, 14:

“Para corrigir distorções e equívocos do noticiário que vem sendo divulgado acerca do falecimento do paciente A.P.F., o gerente do Serviço Móvel de Urgência (Samu), Rafael Vinhal, esclarece:

Este Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, na pessoa do médico Rafael Vinhal da Costa, gerente de apoio, vem prestar os seguintes esclarecimentos sobre o plantão do dia 12/10/2016 e a transferência inter-hospitalar do paciente A.P.F:

1 – O paciente encontrava-se na sala vermelha do Hospital Regional de Planaltina (HRPL), recebendo ali todo o tratamento intensivo equivalente ao que receberia numa Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). As salas vermelhas são equipadas para, temporariamente, prestar assistência intensiva semelhante à das UTIs.

2 – Tratava-se de paciente grave, com cirrose, anemia, ascite, insuficiência renal e pneumonia, em uso de antibióticos. Estava hemodinamicamente instável, mantendo-se hipotensivo com o uso de drogas vasoativas. A literatura refere o maior risco de transporte de pacientes com uso de drogas vasoativas.

3 – Na noite do dia 12 de outubro, a transferência de APF iniciou-se às 21 horas. O paciente chegou com vida à UTI do Hospital São Mateus. Frise-se que durante todo esse período ele recebeu o mesmo cuidado intensivo que receberia na UTI. Logo mais tarde, porém, devido à gravidade do quadro e à instabilidade hemodinâmica, seu quadro evoluiu para parada cardiorrespiratória e óbito.

4 – Durante todo o dia, uma série de atendimentos primários e secundários foram realizados pelas equipes do Samu. O Samu é um serviço de Atendimento Pré-Hospitalar – APH –, regido pela portaria GM/MS no 1.010/2012. Deve, obrigatoriamente, priorizar os atendimentos primários em domicílio. Dada essa prioridade, as unidades realizam as transferências inter-hospitalares, o que efetivamente, no caso, ocorreu. É importante sempre ressaltar que, durante todo o tempo, o corpo clínico de regulação atuou, de maneira adequada, no atendimento intensivo ao paciente, segundo critérios de organização e priorização de riscos.

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