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Espólio eleitoral

Clã Roriz vai de Eliana Pedrosa na disputa pelo Buriti

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Autor/Imagem:
Marc Arnoldi

Joaquim Roriz costumava destacar ter ganho todas as eleições das quais participou. Quatro vezes Governador do DF, três pelo voto direto, feito Senador em sua última passagem pela urna, em 2006, seu eleitorado era considerado cativo, um misto de reconhecimento do trabalho feito e de gratidão pelas benfeitoras obtidas. E os resultados de seus indicados ao Buriti, quando ele próprio não estava no páreo, deixam a pensar que a parte de gratidão pessoal era mais forte. Roriz era Roriz, Valmir Campelo não o foi em 1994, nem Maria Abadia em 2006, nem mesmo Dona Weslian em 2010.

A vontade do eleitor brasiliense de “provar o PT” em 1994 foi mais forte. Valmir até que passou bem o primeiro turno, com vantagem de quase 20 mil votos, mas Cristovam, com apoio do PSDB de Maria Abadia (afinal Fernando Henrique Cardoso já estava garantido na Presidência), levou o PT ao Buriti três semanas mais tarde, com 66 mil sufrágios a mais.

Em 1998, a virada foi inversa. Cristovam dominou a primeira votação, com quase 35 mil votos a mais que Roriz. Por sinal, o então governador PTista tinha público bem mais amplo que o de seu partido, já que Lula recebeu 140 mil votos a menos que Cristovam no DF. Para o segundo turno, o eleitorado do então eliminado José Roberto Arruda (178 mil votos) se dividiu e 40 mil eleitores a mais foram votar: Roriz voltava ao Buriti com 35 mil sufrágios a mais desta vez.

A última eleição de Joaquim Roriz governador, em 2002, foi a mais apertada da curta história eleitoral da capital da República. Face a Magela, forte de resultados acima de 60% no Paranoá, em Samambaia, Santa Maria e no Recanto das Emas, Roriz conseguiu barrar o PTista majoritário no Plano Piloto amplo (Lagos + Cruzeiro). Por 25 mil votos no primeiro turno, e menos de 16 mil no segundo.

Já nesta eleição, o eleitorado de Roriz ficava se reduzindo às cidades que ele criou. Taguatinga preferiu Magela, e Ceilândia ficou dividida quase que meio a meio. Quatro anos mais tarde, estes eleitores mandaram Roriz ao Senado com mais de 657 mil votos (sua maior votação nominal), mas menos da metade transferiu seu carinho para a candidata oficial, e então governadora Maria Abadia. José Roberto Arruda, com campanha obreira e voluntária, cativou nos redutos rorizistas, atingindo o Buriti num turno só, fato inédito na história.

Em 2010, o TRE-DF impugnou o registro de candidatura de Joaquim Roriz, e sem ter a certeza de reverter a decisão nas instâncias superiores, o ex-governador transferiu a responsabilidade da campanha à fiel companheira Dona Weslian. Não preparada, ela mostrou coragem para enfrentar a campanha, graças também à benevolência do candidato do PT, Agnelo Queiroz, que parecia até constrangido nos debates. Mesmo assim, Weslian Roriz impediu a vitória do futuro governador no primeiro turno, obtendo 440 mil votos. Samambaia e o Recanto das Emas deram à esposa do criador a metade de seus votos, as outras cidades ficaram abaixo do esperado, Santa Maria vermelhou. De pouco, mas preferiu Agnelo.

A candidatura Jofran Frejat em 2014 já ultrapassou a simples herança rorizista. Com luz própria, e promovido a candidato após a saída do titular José Roberto Arruda, Frejat tinha situação diferente. E mesmo assim, obteve 428 mil votos no primeiro turno…

O desaparecimento físico de Joaquim Roriz certamente deixa um legado eleitoral. É possível, mesmo provável, que a candidatura de seu neto receba uma porção do carinho pessoal de seus e suas admiradoras, como também a da filha Liliane Roriz, deputada distrital. A família declarou apoio à candidatura de Eliana Pedrosa desde o início da campanha. Mas, para ganhar o coração do eleitorado de Joaquim Roriz, é preciso entender as qualidades que o fizeram ter uma legião de fãs.

Quem souber encarná-las terá um voto de saudade. (Por sinal, a leitura do artigo de Renato Riella publicado em Notibras é altamente aconselhável para quem quer conhecer o “jeito Roriz de governar…)

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