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Libertadores

Clássico ‘Flaporco’ pode dar ao Brasil mais um título no futebol latino

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Cadu Matos - Foto de Arquivo

Pois é, meu Flamengo classificou-se para a semifinal da Copa Libertadores da América. O jogo, ao mesmo tempo, me encantou e me preocupou.

A dimensão de encanto, difícil admitir, deveu-se ao time argentino. Os hermanos ganhavam a grande maioria das divididas, pareciam mover-se em uma rotação mais rápida que o Mengão. Daí a preocupação: meu time jogou bem, sempre joga, mas parecia faltar alguma coisa. Alma? Coração?

E então veio a cobrança dos pênaltis, a hora da técnica e do profissionalismo. Não se tratava mais de correr, colocar o coração na ponta da chuteira; tratava-se de caminhar ou trotar até a bola e marcar. E, claro, de defender as cobranças do adversário.

Jorginho, Luiz Araújo, Carrascal e Léo Pereira marcaram, em tiros impecáveis. Por sua vez, Rossi defendeu magnificamente duas penalidades. Nem houve necessidade da quinta cobrança, Flamengo 4 x Estudiantes de la Plata 2, Mengão na semifinal.

Era pra eu estar festejando (e estou), mas muita gente boa já disse que eu “penso esquisito”. E então me veio à mente a primeira campanha dos libertadores da América – não no campo de futebol e sim no campo de batalha, a guerra de independência dos Estados Unidos. De um lado, colonos sem grande ou nenhuma experiência militar; do outro, o melhor exército da Europa, forjado nas campanhas da Índia – antes que a Revolução Francesa e o gênio de Napoleão mudassem as regras do jogo, tornando-o mais veloz e mais mortífero. Os britânicos venciam combate após combate; os americanos sobreviviam, iam aprendendo com as derrotas – e, quando alcançavam uma rara vitória, golpeavam as linhas de abastecimento dos europeus. Mais do que isso, enchiam de ânimo seus compatriotas.

Em 1778, a França se aliou aos Estados Unidos, o abastecimento das tropas terrestres britânicas ficou ainda mais difícil, e o desfecho dos confrontos mudou. A vitória da jovem república americana veio em 1781. A América começava a libertar-se dos europeus.

Por algum motivo, o desempenho das tropas britânicas, magnificamente adestradas, me lembrou o do Flamengo, superior ao Estudiantes em todos os quesitos, exceto na entrega, na busca da vitória. Em campanhas de libertação – ou na copa com esse nome –, esse requisito é fundamental.

É bem provável que a final da Libertadores oponha dois times brasileiros, Flamengo e Palmeiras. Se isso acontecer, será o terceiro Flaporco; o primeiro do ano, em maio, foi vencido pelo Mengão em pleno chiqueiro, e haverá um segundo em outubro, no Maraca. Vão se enfrentar as duas melhores equipes do Brasil – dois times “britânicos”, com jogadores técnicos e bem treinados. Haja coração – requisito, diga-se, sempre indispensável, em especial para conquistar, em Lima, o tetracampeonato da Copa Libertadores da América.

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