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Levando a vida

Com pé no chão e cabeça no céu… é a luta que se trava no Nordeste

Publicado

Autor/Imagem:
Acssa Maria - Texto e Foto

No sertão, o chão é rachado, mas fértil de histórias. Cada fenda da terra parece guardar um segredo, um sonho ou uma promessa que o vento não levou. O povo caminha firme, com os pés cravados na realidade dura, mas com a cabeça erguida, mirando o céu como quem acredita que de lá ainda virá o alívio, a chuva, a esperança.

Nas feiras, as vozes se misturam com o cheiro de café torrado e tapioca na brasa. Gente que luta, que acolhe, que transforma o pouco em partilha. Dona Lurdes, por exemplo, vende flores de tecido — coloridas como o entardecer — e diz que cada uma é um pedaço de amor costurado à mão. “A gente aprende que beleza também se faz com o que sobra”, ela diz, sorrindo com a serenidade de quem já aprendeu a conversar com a vida.

De pé no chão, o nordestino aprende a resistir. É o chão que ensina o valor do tempo, que marca o compasso da sobrevivência e molda a fé. Mas é com a cabeça no céu que ele sonha: com chuva que renova, com futuro que floresce, com filhos que estudam e voltam pra cuidar da terra.

No meio dessa travessia, o que mais impressiona é o abraço. O povo nordestino acolhe como quem reza — em silêncio, mas com força. Há solidariedade nas mãos que se estendem, nos olhares que se reconhecem, nas redes que balançam sob o alpendre enquanto o mundo lá fora corre apressado.

O sertão ensina que resistir não é endurecer — é florescer mesmo sob o sol ardente.
E é assim, de pé no chão e cabeça no céu, que o Nordeste segue em frente: com o corpo cansado, mas o espírito cheio de luz, esperança e poesia.

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