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Entrevista/Bela Gil

Com vontade é possível ter uma alimentação mais saudável

Publicado

Autor/Imagem:
Juliana Carreiro

No mês em que comemoramos o Dia das Mães, conversei com a apresentadora de tv e chef de cozinha, Bela Gil, que acaba de lançar o livro ´Bela Maternidade – Meu jeito simples e natural de ser mãe´, onde fala, entre outros assuntos, sobre a importância que dá para a amamentação e para a alimentação de seus dois filhos.

Com seu programa Bela Cozinha, exibido no canal fechado GNT, foi a primeira a mostrar que é possível substituir ingredientes menos nutritivos, por versões mais saudáveis e foi bastante criticada por isso, principalmente quando mostrou que mandava de lanche para a filha alimentos naturais como batata doce.

Se já foi alvo de muitos comentários maldosos e olhares tortos, também tem conseguido conscientizar bastante gente sobre os benefícios de uma rotina alimentar equilibrada.

Veja nesta entrevista muitas coisas que podem ser úteis para sua vida:

Você acredita que valorizando a amamentação e a introdução alimentar, estaremos garantindo mais saúde e qualidade de vida às nossas crianças? Por quê?

-A amamentação e a introdução alimentar são fundamentais para promover boa saúde na infância e na vida adulta. O leite materno é o alimento ideal para os bebês, principalmente nos primeiros 6 meses de vida. O leite não só alimenta, como também protege o bebê de diversas doenças e alergias pois além de muitos nutrientes ele contém anticorpos. Sabemos que crianças que tomam leite materno tendem a ter QI mais elevados, menos asma, dermatite e alergias em geral. A introdução alimentar segue o mesmo princípio do leite materno, quanto melhor a qualidade do alimento, melhor para o bebê. E mais chances o bebê terá de se acostumar com uma alimentação nutritiva, rica em legumes, frutas e verduras e levar isso para a vida adulta. Como eu gosto de frisar, é mais fácil educar a criança a comer com qualidade do que reeducar o adulto a gostar de vegetais.

Você sempre demonstrou que toma bastante cuidado com o que oferece para os seus filhos. O que você acha que é ‘comida de criança’?

-Eu cuido da alimentação das crianças assim como cuido de outras áreas da educação, impondo limites, percebendo suas preferências e respeitando a individualidade de cada um. Hoje, ainda associamos comida de criança com besteirinhas como muitos doces, biscoitos, refrigerantes, sucos de caixinhas, achocolatados e salgadinhos. Muitos acham que crianças só são felizes com acesso livre e indiscriminado a esses alimentos. Eu acredito que há uma urgência na mudança dessa crença. Comida de criança pode e deve ser a famosa comida de verdade baseada nos legumes, verduras, frutas e cereais. Esses alimentos devem formar a base da alimentação infantil para que elas possam curtir o sorvete do final de semana e o docinho da festa de aniversário.

Você recebe muitas críticas das pessoas quando expõe suas ideias em relação ao que dá ou não para os seus pequenos?

-Do mesmo jeito que recebo críticas, também recebo mensagens de muitos pais que se identificam com a minha filosofia alimentar e os desafios que isso impõe. Acho ótima essa troca de experiências. Muitas vezes, os mesmos pais que criticam a educação alimentar que escolhi para os meus filhos, aparecem meses depois dizendo que agora entendem a minha escolha e pedem ajuda para fazer com que seus filhos gostem de frutas e vegetais.

Por que você acha que é tão difícil fazer com que as pessoas comam mais alimentos naturais e menos produtos ultraprocessados?

-Existem muitos motivos diferentes como a falta de acesso a produtos mais frescos e naturais por todo o Brasil, o preço muito baixo e, portanto, injustamente competitivo dos produtos ultraprocessados e o sabor altamente palatável desses mesmos produtos. Precisamos mudar a cultura da alimentação saudável e torná-la mais atrativa e acessível. Acho que estamos no caminho certo, mais ainda faltam muitas mudanças, principalmente legislativas em relação à agricultura orgânica, à reforma agrária, à rotulagem dos alimentos, à merenda escolar e à publicidade infantil.

Eu já ouvi pessoas dizerem que ‘tem que ter muita estrutura para comer melhor’. Você concorda com isso ou com pequenas atitudes já é possível melhorar a qualidade de uma rotina alimentar?

-Acredito que com vontade e planejamento dá para a gente comer bem. Um prato de arroz, feijão e legumes é super completo e saudável e foi a base da alimentação dos brasileiros por muitos anos. Hoje temos famílias que pararam de consumir esse tipo de alimento para dar preferência aos jantares pré-prontos e congelados que a indústria alimentícia oferece. Com planejamento podemos deixar um feijão congelado, uma sopa e um molho caseiro de macarrão para a semana. Podemos tirar 30 min do nosso dia para preparar um delicioso jantar com produtos frescos e congelados da semana. Acho que com vontade é possível ter uma alimentação mais saudável. Trocar um barrinha de cereal por uma maçã no lanche da tarde, trocar um sanduíche de uma rede de fast food por uma marmita no almoço e o disk pizza por uma sopa caseira no jantar é comer saudável.

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