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Digam um feito

Combate à corrupção é balela de bolsonaristas obsessivos

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Autor/Imagem:
Mathuzalém Junior* - Foto de Arquivo

Faz tempo os brasileiros têm dificuldades para eleger um presidente da República para chamar de seu. Hoje, passados períodos complicados de comando de um dos extremos políticos e pavorosos sob a batuta de outro que jurou resolver, sem saber, os problemas do país, chegamos àquela fase em que poucos têm um candidato representativo para ocupar o Palácio do Planalto a partir de janeiro de 2023. Entretanto, muitos não têm qualquer dúvida acerca do nome que querem apagar da telinha da urna eletrônica em outubro deste ano. Do meu lado, sem os radicalismos de eleitores que se sentem traídos e abandonados, desejo vida longa ao ser humano Jair Messias, mas, a exemplo de analistas renomados, torço para que o presidente Bolsonaro seja levado ao banco dos réus caso tenha contas a ajustar com o Brasil.

E, pelo apanhado desses últimos quase três anos, as dívidas parecem bem maiores do que a quantidade de mandatos que o devedor imaginou alcançar. Pelo andar da carruagem, ficará nesse e olhe lá. Do contrário, estaríamos confirmando a tese do filósofo e economista austríaco Friedrich August von Hayek, para quem a liberdade não se perde de uma vez, mas em fatias, como se corta um salame. É público que a saúde do mito inspira cuidados, mas ainda deve lhe garantir alguns anos de vida. Como cidadão de bem, torço muito por isso. Todavia, o quadro político é desesperador, algo parecido como um doente em estado terminal. Sem medo de errar, Bolsonaro hoje é um presidente sem os votos capazes de lhe dar um segundo mandato presidencial.

Não tenho bola de cristal, mas já andei cravando por aqui que o buraco do bolsonarismo está bem abaixo da antiga empáfia do líder. De olho no seu futuro de homem livre, talvez a solução mais viável seja uma saída pela tangente. Nesse caso, o Senado Federal e um eventual retorno à Câmara dos Deputados soariam como um belo mantra de liberdade. Fora disso, é grande o risco de ficar sem imunidade, consequentemente com o risco de a liberdade finalmente fechar as asas sobre ele. E é bom correr. Limite da desincompatibilização, abril está muito mais perto do que imaginam os democratas defensores da contabilidade bolsonarista. Passou disso, o bicho pode pegar.

Não tenho obsessão alguma pelo mandatário brasileiro. Falo diariamente dele porque, como diz um velho e querido amigo, tenho preocupações com o futuro do Brasil, principalmente com a saúde emocional do chefe da nação e com o bem estar psiquiátrico de alguns de seus fanáticos apoiadores. O tempo urge. Com ele (o tempo), algumas considerações. Em outras palavras, após três anos e alguns dias de incertezas e muito desespero, cabe a nós, eleitores, escolhermos a esperança. E ela está logo ali, mais precisamente em outubro próximo. Os candidatos são muitos e de correntes variadas. E o povo terá a obrigação democrática de acatar e respeitar quem for escolhido. No momento de votar, vale lembrar que, na crescente dos desejos, a ambição, inclusive a política, torna-se ganância.

E isso se aplica a qualquer dos postulantes à Presidência da República. O primeiro passo é termos consciência do que queremos. Se quisermos quem só pensa em nos controlar, também temos de observar quem não podemos criticar. Atributos afetivos e emocionais devem ser escanteiados no momento do sim eleitoral. O inventário da política nacional está aí para ser consultado. O pleito de 2018 é a prova do voto do absurdo. Naquela oportunidade, parte do eleitorado estava convencida de que Jair Messias era o caminho para tirar o PT do comando do país. Hoje, a maioria dos eleitores está certa de que o mesmo PT é o atalho mais seguro para sepultar a meteórica carreira de mito do capitão Bolsonaro. Não tenho nenhum recibo do PT, mas reitero que, caso o partido seja a possiblidade de ajudar a corrigir o destrambelhado rumo do meu país, voto tranquilamente no representante petista. Quanto a obsessão, gostaria de ter acesso a um grande feito do atual governo. Combater a corrupção já se sabe que é balela.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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