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Novo alvo

Começa corrida para garantir a vacina infantil

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Autor/Imagem:
Paula Adamo Idoeta - BBC News/Bartô Granja, Edição

Mais novo alvo do novo coronavírus, principalmente após cepas que se espalharam e em todo o mundo a partir de cepas de Manaus e do Reno Unido, crianças e adolescentes são o novo público a ser atendido por imunizantes contra a Covid. Já existem estudos avançados para a produção em larga escala do antídoto para crianças, jovens entre 12  19 anos, grávidas e lactantes.

Estudos e resultados preliminares dão motivos para otimismo – embora os dados precisem ser vistos com cautela por enquanto. Vacinar o máximo de pessoas possível, com rapidez, é considerado indispensável para conter a disseminação do coronavírus e o surgimento de novas variantes ainda mais perigosas do que as atuais.

As crianças, em particular, compõem um quarto da população mundial, se levarmos em conta apenas o total de pessoas entre zero e 14 anos. Com óbitos subindo 2,6% ao dia e leitos esgotados, Brasil tem ‘maior colapso sanitário e hospitalar da história’, diz a Fiocruz. Há, portanto, riscos para crianças e adolescentes de serem os últimos a receberem vacina.

Em função desse quadro cresce entre especialistas a preocupação de que menores de idade (sobretudo as crianças maiores e os adolescentes, que parecem transmitir o vírus de modo mais semelhante aos adultos) não sejam deixados de fora de programas de imunização, sob o risco de a eficácia deles ser comprometida.

Experiência animadora
Israel, o país com ritmo mais alto de vacinação contra a covid-19, já imunizou mais de 60% de sua população com ao menos uma dose. Mas estão fora desse grupo imunizado as pessoas com menos de 16 anos, a idade mínima recomendada para a vacina aplicada no país, a da Pfizer/BioNTech.

Isso despertou preocupações de que essa lacuna (junto à resistência de alguns grupos de adultos à vacinação) dificulte a obtenção de uma imunidade coletiva – embora seja importante lembrar que, de modo geral, as crianças são até agora o grupo populacional menos suscetível à covid-19.

Mas é também de Israel que vem uma das primeiras boas notícias relacionadas à vacinação infantil: cerca de 600 crianças e adolescentes de 12 a 16 anos foram vacinados no país por terem doenças pré-existentes que as tornam mais vulneráveis ao novo coronavírus. E, até o momento, elas não sofreram nenhum efeito colateral significativo da vacina, disse recentemente ao jornal britânico The Guardian o chefe da força-tarefa de vacinação israelense, Boaz Lev.

Não se trata de um estudo clínico, mas até o momento Lev qualificou os resultados como “animadores”.

Estudos avançam
Para além de Israel, representantes da Pfizer afirmaram à agência Reuters que esperam confirmar nos próximos meses se sua vacina é segura para adolescentes. Para crianças mais novas, os resultados devem vir até o final do ano.

No Reino Unido, o Instituto Nacional de Pesquisas em Saúde iniciou em fevereiro estudos para avaliar o desempenho da vacina da Oxford/AstraZeneca em voluntários de 6 a 17 anos.

Quanto à CoronaVac, atualmente a vacina predominante no Brasil, ainda não há previsão de testes em crianças e adolescentes, informa o Instituto Butantan – acrescentando, porém, que a Sinovac (empresa chinesa parceira do instituto na fabricação do imunizante) está fazendo estudos de fase 1 e 2 com voluntários de 3 a 17 anos na China.

A vacinação no público infantil ganha ainda mais importância diante das novas (e mais contagiosas) variantes do novo coronavírus, explica à BBC News o pediatra e epidemiologista Fernando Barros, da Universidade Federal de Pelotas.

Apesar de ainda não haver dados conclusivos, a percepção de muitos cientistas é de que as novas variantes, ao afetarem um número maior de pessoas, acabam também afetando, proporcionalmente, mais crianças.

“Aumentando (o contágio) em crianças, será ainda mais importante ter a vacina para esse público”, diz Barros. “Nos países com grande cobertura vacinal, o grupo de 16 anos ou menos vai precisar ser imunizado para atingir-se uma (ampla) imunidade.”

Aqui no Brasil, um estudo de caso para avaliar a imunidade coletiva está em curso em Serrana (SP), cidade escolhida pelo governo do Estado para imunizar toda a população adulta e verificar o comportamento do vírus depois disso. Os resultados, segundo o Instituto Butantan, sairão em maio. “Vamos ver ali o que vai acontecer com a infecção entre as crianças”, aponta Barros.

 

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