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Gasolina cara

Começa corrida para o álcool, que tem o preço mais barato

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Bartô Granja, Edição

O consumo de etanol nas bombas dos postos de combustíveis alcançou pela primeira vez neste mês de setembro a mesma proporção da gasolina. Isso acontece de Norte a Sul do País, com metade das vendas sendo de álcool e a outra metade de gasolina. Até então, o que se verificava era um escoamento médio de 60% de gasolina.

Essa migração já vem ocorrendo desde a greve dos caminhoneiros, em maio último (que levou ao desabastecimento) em paralelo com as subidas constantes da gasolina. Uma das vantagens é saber que abastecer com o derivado da cana fica mais competitivo. O litro de gasolina está custando em média R$ 4,80, enquanto o de etanol vale R$ 2,75, ou seja, cerca de 60% mais barato.

Na avaliação da pesquisadora da Fundação Getulio Vargas em Energia, Fernanda Delgado , a greve dos caminhoneiros continuará ainda por algum tempo “reverberando na economia do país”. Ela, no entanto, pondera que o grande impacto sobre o preço da gasolina, que já subiu 15% desde maio último, está associado mais à pressão das cotações no mercado internacional. O valor do barril de petróleo, passou, nesse período, de US$ 65 para US$ 75. A tendência, pontuou a pesquisadora, é de alta no mundo todo.

Delgado defende que o Brasil poderia ser menos dependente dessa política de preços internacionais caso houvesse a quebra do monopólio da Petrobras, que detêm 98% do refino dos derivados de petróleo. A questão, porém, explica, esbarra em criar um sistema que possa atrair os investidores.

Em relação à vantagem competitiva de se abastecer o carro com álcool, a pesquisadora da FGV Energia disse que esse quadro é favorecido pela perspectiva de uma boa oferta do etanol no mercado. Mas ela alerta sobre a possibilidade de uma mudança no mix de produção, caso ocorra uma sinalização de alta dos preços do açúcar no mercado internacional. Isso poderia levar as usinas a destinarem uma maior parte da safra para essa commodity.

Já o diretor técnico da Unica, entidade que congrega as usinas sucroalcooleiras da região Centro Sul, Antonio de Padua Rodrigues, descartou, nesta quinta-feira o risco de um desequilíbrio de preços do etanol em função da demanda mais aquecida. Ele informou que o setor está em plena safra e com estimativa de recorde na produção, podendo chegar a 32 bilhões de litros e um crescimento na oferta entre 4 a 5 bilhões de litros.

Pádua reconhece, contudo, que algum ajuste de preço pode até ocorrer, mas se isto se confirmar será em margem bem pequena diante da boa oferta. “Nossa expectativa é que a distribuição para os postos passe da média de 1,8 bilhões de litros para 2 bilhões de litros”, afirmou, referindo-se ao próximo anúncio da Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Fazendo uma análise sobre a vantagem competitiva do álcool sobre a gasolina, Pádua observou que enquanto o derivado da cana vem se mantendo com preço estável pela boa safra que deve crescer em torno de 15%, a gasolina está sujeita às variações impostas tanto pelos fatores externos quanto pela pressão cambial. Nos últimos dias, a moeda norte-americana tem oscilado acima dos R$ 4,00 e fechou nesta quinta-feira em R$ 4,07 um recuo de 1,27% sobre a cotação de ontem (19).

No último dia 5 de setembro, o preço da gasolina nas refinarias havia alcançado R$ 2,2069, no maior valor desde junho do ano passado, quando a Petrobras mudou a política de preços e passou a acompanhar as oscilações do preço da commodity no mercado externo.

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