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Futuro na cabeça

Como otimismo e ansiedade estragam as nossas vidas

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Autor/Imagem:


Daniel Martins de Barros

O brasileiro é o povo mais otimista e mais ansioso do mundo. E de tanto pensar no futuro, esquecemos de agir no presente. Há cerca de três anos um estudo internacional ganhou manchetes ao apontar o brasileiro como o povo mais otimista do mundo.

Os dados mostravam que ninguém acredita mais do que nós num futuro melhor. Paradoxalmente, contudo, nesse início de 2017 a OMS revelou também sermos os campeões mundiais de transtornos ansiosos. Dessa vez os números revelam que ninguém teme o futuro mais do que nós.

Vivemos ao mesmo tempo com muita fé e muito medo. Por que será?

O motivo pode estar na nossa cabeça. O córtex órbito-frontal (COF) é a área cerebral que nos faz civilizados, digamos assim, permitindo o autocontrole emocional e ajuste de comportamentos de acordo com as possíveis consequências, prevendo resultados de nossas ações.

É ali que antecipamos mentalmente o futuro – para bem e para mal. Ano passado cientistas verificaram que as pessoas com o córtex órbito-frontal maior eram menos ansiosas, e durante a investigação notaram que essa redução da ansiedade se dava por meio do aumento do otimismo. Mais massa cinzenta ali era igual a maior otimismo, protegendo os sujeitos da ansiedade.

Portanto o otimismo e ansiedade vivem no futuro. E embora não sejam exatamente antônimos, ficam em polos opostos. O otimista acha que tudo dará certo. Seu antônimo, o pessimista, acha que tudo dará errado. E o ansioso queria que desse certo, mas teme que dê errado.

Ser o povo mais otimista e mais ansioso pode significar então que somos o povo que mais pensa no amanhã. Mas ao mesmo tempo em que acreditamos demais sermos o país do futuro, como reza nosso slogan extraoficial, também tememos muito as reviravoltas que nos aguardam logo adiante.

Mas tanto otimismo e ansiedade têm dois lados, um bom e um ruim. Por temer tudo, o ansioso perde oportunidades, tem menos qualidade de vida, mas também se expõe menos a riscos, ficando menos sujeitos a acidentes, imprevistos. O otimista, acreditando que o futuro lhe sorrirá, sofre menos, é mais alegre, mas gerencia pior seus recursos, muitas vezes não se preparando para eventuais contratempos.

Só que o problema não é ser otimista ou ansioso. (Ou ambos, como em nossa paradoxal realidade brasileira). O problema é ficarmos parados, seja congelados de medo, seja esperando as promessas de um futuro melhor e deixarmos de agir agora para construir um presente melhor.

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