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Vasto demais

Como Posso Desvencilhar-me de Ti?

Publicado

Autor/Imagem:
Luzia Couto - Foto Francisco Filipino

Como posso desvencilhar-me de ti, essência que habita meus dias?
Como posso apagar-te, se o frescor das manhãs e o aroma das flores ainda sussurram teu nome?
Como posso silenciar tua lembrança, se o eco do teu sorriso ainda vibra nas cordas da minha memória?

Como posso afastar-te, se o vento me traz teu perfume etéreo
e a luz desenha tua presença nas paredes do meu pensamento?
Como posso fugir da penumbra e da quietude,
se elas me traem com a sombra dos teus cabelos
e o silêncio dos teus instantes profundos?

Como posso libertar-me de ti,
se na aquarela da existência vejo o âmbar dos teus olhos
e o rubor das palavras que nunca foram ditas?
Como posso esquecer-te,
se o riso de uma criança me devolve tua face de primavera?

Como posso negar-te,
se o tempo me recorda os instantes de espera
e as eternidades vividas em teus gestos?
Como posso apagar-te,
se o mar me devolve as marés intensas que partilhamos
e a brisa me lembra o toque que acalmava tempestades?

Como posso renunciar-te,
se mesmo quando peço ao universo o esquecimento,
a paz que me deste ressurge como oração não dita?
Como posso esquecer-te,
se cada lembrança é uma estrela que insiste em brilhar
no céu da minha saudade?

Ó tempo, ó mistério,
tem compaixão deste coração que deseja o esquecimento
mas é feito de lembranças que não se apagam.
O que vivi contigo foi vasto demais,
e hoje me fere não sentir o que um dia me fez inteiro.

Ó silêncio, tens alguma resposta para mim?

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