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Enxugadores de gelo

Conclave pela anistia terá fumaça tão negra como a noite do 8 de janeiro

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Mathuzalém Júnior - Foto Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr

No mesmo dia em que a fumaça preta escondeu o nome do futuro papa, o conclave “patriota” em favor da anistia empreteceu ainda mais a ideia conservadora de liberar a bandidagem do 8 de janeiro. Dez mil pessoas (?) não mudam sequer o resultado do jogo do bicho. Antes disso, vamos ao que realmente interessa. A exemplo de Jair Messias, Donald Trump está bem próximo de ser excomungado por boa parte dos norte-americanos. Por isso, ele vem topando tudo para recuperar a popularidade. Como se pudesse se redimir dos pecados, a última performance do presidente republicano foi se fantasiar de papa. Virou piada.

Tanto quanto seu pupilo tupiniquim que, para ganhar votos na campanha presidencial, comeu pé de galinha com farofa nas ruas da periferia de Brasília, o presidente republicano se fantasiou de papa para agradar os fariseus republicanos. Como o daqui, não consegue agradar mais nem mesmo a Judas. Depois disso, parei de desconfiar daqueles doidões que saem às ruas gritando que são a reencarnação de Napoleão Bonaparte. Também passei a enxergar nos duendes fantasiados de políticos a mesma importância dos cachorros que perderam o ímpeto sexual pela falta dos ovos.

É o Brasil dos brasileiros que, entra ano e sai ano, e não perdem a mania de se imaginarem iguais aos nativos dos Estados Unidos. Morrerão como barnabés do Norte. Comparações à parte, as redes sociais foram recentemente entupidas com críticas ao apoteótico show de Lady Gaga. Sozinha, ela atraiu mais de 2 milhões de fãs às areias da Praia de Copacabana. Como o pastor Silas Malafaia não dispõe de cacife político para se aproximar da moça, tampouco de dízimos suficientes para contratá-la, preferiu os comentários maldosos e recheados de inveja e de despeito com a artista e com o prefeito Eduardo Paes, o agora queridinho de ex-patriotas, de evangélicos desconfiados, de gays, lésbicas e simpatizantes.

Os críticos que aguardem o próximo show do Wando, aquele a quem alguns invejosos chamam de velho gagá atacado pelo efeito Biden. Seguindo a máxima de quem brinca com fogo amanhece mijado, aguardemos 2026, quando teremos oportunidade de atestar ou não como verdadeiras e eficazes as teses bozolóides. As mentiras e os factóides continuam sem limites. Como no desenho animado, o vilão parte para o ataque, perde o rumo e, sem novidades contra o Supremo Tribunal Federal, se utiliza de um dos ministros da Corte para atacar seu principal algoz. Aguardemos pela nova passeata montada pelo bispo que vive de não ter o que fazer.

Enquanto isso, sem medo do amanhã e sem saber se permanecerá na disputa, o velho gagá se mostra ao mundo. Reunindo os de sempre e pacífica até certo ponto, a manifestação dessa quarta-feira (07) lembrou a fumaça preta da primeira votação papal. Ao contrário da chaminé de Jair Messias, a fumaça da Capela Sistina será branca amanhã ou depois. Nada parecido com o conclave bolsonarista em favor da anistia aos condenados pela barbárie de 8 de janeiro de 2023. O que já era escuro ficará tão negro como a noite imaginada pelos vândalos naquele domingo que não se acaba.

Como enxugadores de gelo, deputados e senadores deveriam ser informados que quem anistia traidores da democracia não merece ocupar cargos públicos. Quanto aos “patriotas”, papagaios de pirata e incomodados com o carisma alheio, nada a acrescentar, além do que digo sempre: inveja é uma merda. Se conformem com o que está posto, pois nada e nem ninguém modificará o julgamento dos terroristas da Praça dos Três Poderes. Sobre o mito, alguém duvida que, após o fracasso de mais uma investida pela anistia, ele terá outra crise abdominal? Aguardemos os próximos dias.

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Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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