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Os golpistas

Confundiram obras dos mestres e levaram ferro duro de Xandão

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Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo - Foto de Arquivo/Marcello Casal JR - ABr

O que foi imaginado com um “golpaço” acabou se transformando, em menos de 24 horas, em um fracasso apelidado pela maioria absoluta dos ministros do Supremo Tribunal Federal de “furicaço”, isto é, um furico com aço. Apesar da subserviência e da leniência de viúvas do bolsonarismo, felizmente ainda há juízes no Brasil, particularmente no STF. A ideia de sitiar Brasília e de impor um golpe ao país acabou mal.

A exemplo de Jair Messias, autor intelectual da revolta sem causa, os primeiros executores da empreitada obscena levaram ferro na bigorna. Didaticamente, Bolsonaro e a turma que pegou na foice e no martelo formaram aquela famosa dupla Caracu: o primeiro participou com a cara, enquanto os demais entraram com o pescoço grafado em francês.

Envolvidos até o pelinho encravado do dito cujo na depredação e invasão de prédios públicos durante os atos golpistas de 8 de janeiro, os tais Aécio Lúcio Costa Pereira, Matheus Lima de Carvalho Lázaro e Thiago de Assis Mathar têm desde essa quinta-feira (14) o mesmo endereço: portões 17 e 14, entrada 22, cela 13, assento a ser definido, estadia em regime fechado de, respectivamente, 5.475 (os dois primeiros) e 5.110 dias e mais 547 dias e meio de sono vigiado por meganhas inquietos e doidos por gados novos.

Os demais 1.302 sacanetas covardes que acreditaram em duendes e mitos deverão ter o mesmo fim. Sugiro que comecem a lubrificar o desfazedor de cacas desde já.

Cumprido o castigo, se voltarem virgens e com alguns fios de cabelo em cima e embaixo, certamente pensarão duas vezes antes de embarcar em canoas furadas comandadas por “capetões” amadores, fujões e loucos pelo anel e pelo redondo alheios.

Tudo bem que os sujeitos desta frase estejam localizados entre o Marrocos e a Etiópia, que sejam a mesma pessoa e que, semanticamente, também atendam pelo apelido de caneco. No entanto, não custa lembrar que ambos perdem a validade logo após a primeira cutucada. Não torço para isso, mas é o que ocorre com aqueles que, desavisada e estrambolicamente, bulinam em bens simbolicamente do povo, como são as sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Bulinaram e, portanto, serão bulinados.

Golpearam e, certamente, serão golpeados. É a lei de causa e efeito. Desde o dia 30 de outubro de 2022 cobrando intervenção federal e a deslegitimação de um governo democraticamente eleito, os patriotas de araque estão com o boga na seringa. Em alguns casos, a extremidade do intestino grosso está toda borrada do medo que não tiveram quando pensaram em tomar o poder pela força.

Confundiram a obra do mestre Picasso com a chibata do mestre de obras e agora, no xilindró, terão de pintar com o pincel (ou a brocha) do mestre Gargamel, em cujo coturno faz tempo também não passa sequer uma agulha de coser. Imagina uma de crochê com linha chilena, importada ainda nos tempos de Salvador Allende.

Briocos, brioches ou espaços pudendos à parte, a condenação de Aécio Costa, Matheus Lázaro e de Thiago Mathar servirá de exemplo para futuros imbróglios ideológicos. Embora o ministro Nunes Marques não tenha visto intenção de golpe na barbárie de janeiro, o motim só não se consumou porque, malandro cocada, Vladimir Putin fez ouvidos de mercador ao pedido do Bozo, que queria emprestado meia dúzia de mísseis nucleares para dizimar a Praça dos Três Poderes.

Como só conseguiram estilingues, facas enferrujadas, machadinhas, garfos melados de lasanha e cucharas pontiagudas, o máximo que os patéticos e medíocres talibãs sem barba conseguiram foi quebrar peças do riquíssimo acervo da República e jogar em praça pública as cadeiras de suas excelências, entre elas a de Nunes Marques, o mesmo que negou a insurreição.

Contrariando o voto quadrado do ministro bolsonarista, só não houve rebelião porque, assim como o articulador, os executores pareciam a mosca do esterco do cavalo do Kojak. Ou seria da Eguinha Pocotó do Zorro? Talvez do alazão do Sargento Xandão.

Seja o que for, Gargamel e o senhor de toga encharcada de vergonha ficaram isolados no país e no STF. Perderam a razão, o respeito e a oportunidade de se esconderem antes de se tornarem homens públicos. Dançaram a música errada. Um deles ainda é novo e poderá se redimir de sua catastrófica vinculação ao banditismo ideológico.

Inelegível isolado e todo costurado, o outro terá de suportar os futuros banhos de assento no quartinho escuro que ele deverá usar nos próximos 17 anos. Fosse um dos ministros do STF, encerraria meu voto com uma frase que aproveitaria para a lápide daquele ex-presidente: “Na vida, o que não tem jeito, nem a morte conserta”.

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