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Fraude generalizada

Congresso é o protótipo da máfia da Cosa Nostra

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Autor/Imagem:
Arimathéia Martins - Foto Editoria de Artes/IA

Antes de me dedicar por quase duas décadas a outros poderes, passei longos anos do século passado acompanhando diariamente o Congresso Nacional. Foram épocas difíceis, considerando o período anterior ao fim da ditadura militar e a fase em que o primeiro governo democrático claudicou até o último dia. Difícil, mas nada tão tenebroso e vergonhoso como hoje. É claro que já tivemos nobres congressistas ruins, nefastos, desprezíveis e preocupados exclusivamente com o próprio bolso.

A diferença é que, no atual, os tentáculos nocivos foram expandidos e alcançaram deputados e senadores de A a Z. Embora Arthur Lira (PP-AL) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ) tenham sido exemplos de nocividade e de trabalho em benefício de si mesmo, a Câmara de Hugo Motta (Republicanos-PB) e o Senado de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) não é apenas ruim. É o pior que já vi e o mais cínico, devasso e improdutivo que o povo brasileiro já elegeu. Só para ilustrar, a maioria aposta na imbrochabilidade de Jair Bolsonaro e morre de amor por ele.

Falta do que fazer? Não! Parece crise existencial ou falta de alguém melhor para amar. Infelizmente, o Parlamento é o retrato cuspido e “escarrado” da sociedade, notadamente dos que se apresentam como “patriotas”. Não bastasse isso, os parlamentares da era Motta e Alcolumbre agem de modo a impedir o governo de governar e sem qualquer preocupação com o sofrimento dos pobres. Como Casa do Povo, o próprio Congresso deveria aprovar uma lei para facilitar o despejo de seus inquilinos indesejáveis.

Com todo respeito a Ulysses Guimarães, Severo Gomes, Nelson Carneiro, Franco Montoro, Jarbas Passarinho, Paulo Brossard e aos demais deputados e senadores que deixaram saudades, mas um Congresso como este não faria falta alguma se desaparecesse do mapa. Com a ressalva de que há congressistas sérios e verdadeiramente patriotas, o Parlamento de nossos dias é o protótipo tupiniquim da Cosa Nostra. O pior é que fomos nós que elegemos as excelências que lá estão.

Uma pena, mas, como dizem os pensadores, um povo instruído seleciona bem seus representantes, consequentemente não se deixa enganar por políticos inescrupulosos, insensíveis e corruptos. Somos reflexo de nossa incompetência na hora de votar. Faz tempo que estamos jogando um jogo perdido antes mesmo do apito final. É o preço que pagamos por tratarmos políticos como celebridades. Após eleitos, com a naturalidade de um patriota fanático, os célebres passam a nos tratar como gados.

Salvaguardando a minoria que pensa no país e no povo, metade mais um do atual Congresso é incapaz. A outra metade mais um é capaz de tudo. Prova disso é que, quando qualquer um de nós vai ao Congresso com um projeto de lei popular, os congressistas vêm com as emendas. Para garanti-las, as excelências de plantão aprovam de imediato um pedido de urgência para a proposta. Ou seja, não sabem o que irão votar, mas a urgência para as emendas não pode faltar. A síntese da ópera é simples: a começar pelos inocentes úteis, o Congresso Nacional de hoje é uma fraude quase generalizada.

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