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História antiga

Congresso prega cultura do me ajuda aqui que eu te defendo lá

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Autor/Imagem:
Sonja Tavares - Foto de Arquivo/ABr

País onde tudo é possível, principalmente o tudo, o Brasil faz tempo não é mais dos brasileiros. Propriedade exclusiva dos tubarões das bets, das big techs, do agronegócio e atualmente da associação entre a família Bolsonaro e Donald Trump, a nação de hoje é realmente diferenciada. Por exemplo, é uma das poucas em que a política talvez seja a única “profissão” para a qual seus postulantes entendem não ser necessária nenhuma preparação. Como a maioria a vê como emprego quase vitalício, se apresentar como homem público acaba sendo o caminho mais fácil para os eleitos terem o controle do território e o comando da população.

Resta ao povo cumprir tudo que seus mestres mandarem. Terrível, mas simples assim. O outro lado da moeda política é que, atualmente, ela deixou de ser apenas teatro. É um deprimente e horripilante espetáculo. Esquecido o pleito municipal, daqui a pouco mais de um ano estará novamente aberta a temporada em que os “espertos” pensam que a política se resume ao ato de votar. Acreditar na direita e criticar a esquerda é o modismo de nossos dias. Lamentável, mas não é demais informar que isso não existe mais na política. Na Câmara e no Senado, assim como nos escalões inferiores, o que vemos é uma venenosa troca de favores, roubo e corrupção. É a revoltante pregação da cultura do me ajuda aqui que eu lhe defendo lá.

Infelizmente tenho o dever de acompanhar a definição de Barack Obama sobre o tema. Segundo o ex-presidente dos Estados Unidos, o século XXI trouxe à tona a política do cinismo. A prova disso é que nós, eleitores, dormimos e acordamos com a esperança de uma reforma política. Devaneio puro de quem insiste em eleger políticos que não se reformam. A humanidade, notadamente o povo brasileiro, eu inclusive, carece do milagre da inteligência. Talvez ele (o milagre) nos ensine a julgar a própria condição em que nos encontramos. Faço minhas as palavras do filósofo Platão, para quem “a parte que ignoramos é muito maior do que tudo quanto sabemos”.

Se alguém duvida, informe onde estão nossos conhecimentos a respeito de soberania. Por aqui tudo é possível, menos a certeza de que somos quintal de poderosos mequetrefes, mimados, debochados e tarados, os quais se excitam tanto com a guerra quanto com o golpe mal executado. Que o mesmo alguém me dê uma única razão para que um oportunista em plena sanidade não ache que o Brasil está à venda para estrangeiros cujas estratégias de investimento são os caprichos e o desejo incontido do domínio. Estimulado por uma família vil, o presidente dos EUA, Donald Trump, age como dono do nosso Brasil varonil.

E não é uma hipótese apenas ilusória. Fosse outro o presidente da República, a propriedade já teria sido formalizada. Também gostaria de ser informado sobre a necessidade de até hoje se crucificar uma máxima autoridade nacional em troca do apoio às pretensões de um aventureiro que se imagina acima da lei. Apesar da barafunda política, o país tem normas e regras que precisam ser respeitadas por nós, pelos “patriotas” e por quem quiser aqui se instalar.  Como explicar uma manifestação idealizada apenas para se opor a um magistrado que usa do cargo vitalício exclusivamente para garantir a legalidade?

Ainda mais absurda é a suposição ideológica de que, ao exigir o cumprimento da lei, a autoridade em questão é quem cometeu crime. Chamo isso de tentar forjar uma mente que mente desavergonhadamente. A turma da fuzarca só não admite serem denominados golpistas, oportunistas ou bolsonaristas sem rumo. A verdade é que, como país das mil e uma possibilidades, o Brasil sofre com os descumprimentos das leis. E isso ocorre de baixo para cima, de cima para baixo e de um lado para o outro. Também é verdadeira a afirmação de que, caso as leis fossem respeitadas, seria necessário triplicar os presídios e ainda teria fila de espera. Triste é alguns brasileiros se acharem no direito de agir fora da lei porque acham que o Brasil supostamente não tem lei. É a máxima do ladrão que rouba ladrão e se acha digno de perdão.

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Sonja Tavares é Editora de Política de Notibras

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