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Velhos sonhos

Coragem do retirante compõe memórias do Nordeste

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Autor/Imagem:
Acssa Maria - Foto Reprodução Arquivo Público

O sol castigava o chão rachado, e cada passo na poeira parecia mais pesado que o anterior. O retirante não carregava apenas o saco de pano no ombro, mas o peso das lembranças e da esperança. Atrás dele, ficava a terra onde nasceu, onde plantou sementes que não vingaram, onde enterrou sonhos junto às raízes secas.

A coragem do retirante não está apenas em partir, mas em não se deixar morrer onde a vida insiste em negar. É no caminhar sem saber se encontrará chuva, trabalho ou pão. É na saudade que arde, mas não paralisa. É na fé de que cada estrada leva a um destino melhor.

As memórias do Nordeste o acompanham: o cheiro do café coado no barro, o riso das crianças correndo descalças, as cantigas que embalavam noites de lua cheia. Essas lembranças, ainda que pesem, também sustentam. São elas que alimentam o coração quando o corpo já pede descanso.

O retirante é mais que um viajante sem rumo. Ele é a prova viva de que a coragem nasce da necessidade, mas floresce no desejo de viver. E mesmo longe, dentro dele, o Nordeste permanece — como cicatriz, como raiz, como promessa de retorno.

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