Inocência
Crianças se maravilham com o simples
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Dediquei meu sábado a uma atividade prosaica, porém absolutamente necessária: levei minha filha para ver o Papai Noel.
Ela tem dois anos e essa foi a primeira vez em que ela realmente entendeu o significado daquele encontro. Não era apenas um homem de barba branca num trono vermelho: era o Papai Noel. A figura que mora nos livros, nas músicas, nas historinhas antes de dormir.
No começo, ela hesitou. Agarrou minha perna com força, desconfiada daquele senhor de roupa brilhante, como quem tenta decifrar se aquilo era de verdade ou só mais uma das invenções dos adultos. Mas bastaram alguns segundos, um sorriso, um aceno, para que o medo abrisse espaço para o encanto. E aí aconteceu aquele pequeno milagre: seus olhinhos brilharam.
Brilharam de verdade, daquele jeito que só as crianças sabem fazer, como se um fio invisível puxasse a luz de dentro delas para fora.
Fiquei ali, observando, e pensei que talvez essa seja uma das maiores lições que a infância nos dá e que a vida adulta insiste em nos roubar: a capacidade de se encantar. As crianças se maravilham com o simples, o óbvio, o repetido. Elas encontram magia naquilo que nós já naturalizamos ou cansamos de enxergar.
E, enquanto ela sorria para o Bom Velhinho, eu me dei conta de que o sábado não tinha sido só dela.