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Só 0,8%

Crise faz BC reduzir crescimento da economia

Publicado

Autor/Imagem:
Andreia Verdélio

O Banco Central (BC) reduziu a projeção para o crescimento da economia este ano. A estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – passou de 2% para 0,8%. A projeção consta do Relatório de Inflação, publicação trimestral do BC, divulgado nesta quinta (27).

Entre os fatores para a redução da projeção, o BC cita o crescimento menor do que o esperado no primeiro trimestre deste ano, o que reduziu o “carregamento estatístico [herança do que ocorreu no período anterior] para o restante do ano”. Outros fatores para a redução são a ausência de sinais nítidos de recuperação nos primeiros indicadores econômicos para o segundo trimestre e o “recuo dos indicadores de confiança de empresas e consumidores, com impactos sobre as perspectivas de consumo e investimento”.

Além disso, o BC destaca que a perspectiva de crescimento em 0,8% está “condicionada ao cenário de continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira e incorpora expectativa de recuperação da atividade em ritmo crescente ao longo do restante do ano”.

Setores
De acordo com o BC, a produção da agropecuária deverá crescer 1,1% no ano, permanecendo praticamente estável ante estimativa de elevação de 1% prevista em março. Esse aumento da projeção para a agropecuária contrasta com reduções nas previsões de crescimento para os demais setores.

A projeção para o desempenho da indústria foi reduzida de 1,8% para 0,2%. A estimativa da variação do produto da indústria de transformação passou de 1,8% para -0,3%. A previsão para a indústria extrativa recuou de 3,2% para 1,5% em razão das incertezas sobre os impactos do rompimento da barragem de mineração em Brumadinho (MG).

O prognóstico para a construção civil passou de crescimento de 0,6% para recuo de 1,0%, mas, em sentido oposto, a previsão de crescimento para distribuição de eletricidade, gás e água passou de 2,3% para 2,8%, devido à expectativa de redução na participação de usinas térmicas neste ano e de cenário favorável de chuvas.

O BC estima crescimento de 1% para o setor terciário (comércio e serviços) em 2019, com reduções nas estimativas para o desempenho da maioria das atividades. Em março, a previsão era 2%.

Também houve recuo na projeção para o consumo das famílias, de 2,2% para 1,4%, “compatível com a expectativa de recuperação mais gradual da massa salarial”. A estimativa para a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – investimentos – recuou de 4,3% para 2,9%, enquanto a projeção para o consumo do governo deverá crescer 0,3%, ante projeção de crescimento de 0,6% em março, “consistente com expectativa de piora na arrecadação tributária em cenário de crescimento econômico menor”.

As exportações e as importações de bens e serviços devem variar, na ordem, 1,5% e 3,8% em 2019, ante projeções respectivas de 3,9% e 5,6% do Relatório de Inflação de março. “O recuo na projeção para as exportações reflete reduções adicionais em prognósticos para o crescimento mundial, incertezas sobre a exportação de minério de ferro e aprofundamento da crise na Argentina, importante destino de bens industrializados”, diz o BC.

A diminuição na estimativa para as importações decorre de redução nas projeções de crescimento da indústria de transformação e da FBCF, “com consequente decréscimo nas aquisições de insumos e de máquinas e equipamentos, bem como da redução na projeção para o consumo das famílias”.

Inflação
No cenário com taxa de juros (Selic) e câmbio da pesquisa com instituições financeiras (Focus), a inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve encerrar 2019 em 3,6%. Em março, a projeção era 3,9%. O BC também projeta que a inflação deve chegar a 3,9% em 2020 e 2021. Em março, essas estimativas eram de 3,8% para 2020 e 3,9% para 2021.

Para fazer as projeções atuais, o BC considerou a taxa câmbio em R$ 3,80, em 2019 e 2020, e R$ 3,85, em 2021. Para a taxa Selic, a previsão do mercado é que termine 2019 em 5,75% ao ano, em 6,50% ao ano no fim de 2020, e em 7,50% ao ano, em 2021.

No cenário com Selic e dólar constantes, em 6,5% ao ano e R$ 3,85, respectivamente, o BC estima para este ano 3,6% de inflação. Nessa trajetória, a inflação sobe para 3,7% em 2020 e para 3,9% em 2021. Nesse cenário, a previsão divulgada em março era um pouco maior, de 4,1% em 2019 e 2021 e de 4% em 2020.

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