Curta nossa página


Genéricos em alta

Crise faz crescer procura por remédios contra a depressão

Publicado

Autor/Imagem:


Mônica Scaramuzzo

Visto como um mercado resiliente, que costuma sentir menos os efeitos da crise, o setor de medicamentos continua registrando alta de vendas ano a ano. Mas a combinação de recessão e o aumento do estresse colocou em destaque o crescimento da demanda por antidepressivos e ansiolíticos nas versões genérica e similar, mais baratas que os medicamentos de referência, os “de marca”.

Um levantamento feito pela Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró Genéricos), mostra que as vendas de genéricos para tratamento de depressão cresceram 21% em unidades no primeiro semestre deste ano, em relação a igual período do ano passado. Os similares, cópias aproximadas dos medicamentos de referência, apresentaram alta de 6,23%, e os de referência, de 4,22%.

O mesmo movimento se repetiu com a categoria de ansiolíticos. Enquanto as vendas em unidades dos genéricos para esta classe terapêutica cresceram 8,47%, no caso dos similares, houve retração de 2,42%. O desempenho também foi negativo para os de referência, com queda de 3,59%.

De acordo com a presidente da Pró-Genéricos, Telma Salles, em cenário de recessão há maior busca por produtos genéricos e similares. “E o fator crise em si deixa as pessoas mais estressadas, o que aumenta também o uso de medicamentos das categorias de antidepressivo e ansiolíticos.”

De acordo com Carlos Aguiar, diretor da Medley, do grupo francês Sanofi, a migração de um produto de referência para um genérico ou similar é um movimento natural, uma vez que essas versões são, no mínimo, 30% mais baratas. “As doenças relacionadas ao sistema nervoso central crescem no mundo todo”, ressalta, lembrando que há uma maior assertividade da classe médica nos diagnósticos. “Mas é inegável que períodos de problemas econômicos, como o que estamos passando, geram mudanças de comportamento”, disse.

O mercado de antidepressivo e ansiolíticos movimenta por ano R$ 2,6 bilhões, segundo dados da Pró Genéricos, compilados pela consultoria IMS (dezembro do ano passado). Do total, os antidepressivos respondem por R$ 2,05 bilhões e os ansiolíticos por R$ 534 milhões.

Mercado geral – Mesmo com a crise econômica no País, a venda de medicamentos em todas as categorias não caiu – o que houve foi uma desaceleração. No primeiros seis meses do ano, a venda totais de remédios em unidades cresceu 3,9%, em relação ao ano passado. Somente o segmento de sistema nervoso central – onde antidepressivos e ansiolíticos estão inseridos – cresce cerca de 20% ao ano.

No mesmo período, a venda total de medicamentos genéricos em todas as categorias de tratamento registrou crescimento de 11,07% em volume no primeiro semestre, com a comercialização de 609,4 milhões de unidades. Com este resultado, os genéricos alcançaram o patamar de 31,74% de participação de mercado no País. Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (PróGenéricos), com base na consultoria.

Estresse – Para Guilherme Barsaglini, diretor de marketing e inteligência de mercado da Sandoz (do grupo Novartis), o maior acesso da população aos medicamentos impulsiona a venda das versões genérica e similar e a crise é um fator de estresse, de modo geral.

Líder em medicamentos genéricos voltados para sistema nervoso central (SNC), a Eurofarma vê um crescimento robusto na categoria de medicamentos voltados para depressão e ansiolíticos Segundo a companhia, o segmento de SNC é a principal classe terapêutica para unidade de genéricos da Eurofarma e representa 28% da receita líquida, que ficou em R$ 2,8 bilhões em 2016. Para unidade de prescrição também é a primeira, representando 24% do faturamento.

Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que a depressão afeta 4,4% da população mundial – no Brasil, atinge 5,8% dos brasileiros (maior prevalência da América Latina). O País tem a maior prevalência de ansiedade do mundo, com 9,3% da população afetada.

Comentar

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Publicidade
Publicidade

Copyright ® 1999-2024 Notibras. Nosso conteúdo jornalístico é complementado pelos serviços da Agência Brasil, Agência Brasília, Agência Distrital, Agência Estadão, Agência UnB, assessorias de imprensa e colaboradores independentes.