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Bumerangue

Crise financeira vai e volta, sufocando mais o consumidor

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Francisco Carlos de Assis

O contingente de consumidores que estava com suas obrigações financeiras em atraso em abril ganhou um acréscimo de 1,31% em maio, segundo levantamento do SPC Brasil e a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL). Trata-se da maior alta registrada pela pesquisa desde março de 2015. Naquele período, a alta no número de inadimplentes foi de 2,20%

Com a alta do número de devedores em atraso com suas obrigações em maio, estima-se que o número absoluto de brasileiros com restrições em seus CPFs tenha chegado a 60,1 milhões. Este universo de consumidores enfrenta problemas para contratar empréstimos, financiamentos ou realizar compras parceladas.

É um número que representa quase 40% da população brasileira adulta. Apenas nos últimos 30 dias, houve um saldo líquido de 1,1 milhão de brasileiros que passaram a fazer parte da lista de devedores.

A despeito do aumento do número de devedores no mês passado comparativamente a abril, quando se faz a comparação com maio de 2016, observa-se uma ligeira queda de 0,50%. Trata-se da terceira queda anual consecutiva na série histórica do indicador, que já vinha apresentando um comportamento de desaceleração desde janeiro deste ano.

Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a desaceleração do indicador na base anual não pode ser interpretada como um indicativo de que os consumidores com contas em atraso estão quitando suas dívidas, mas como um reflexo do crédito mais restrito. “Embora os juros estejam caindo e a inflação dentro da meta, o desemprego ainda é elevado e acaba reduzindo a capacidade de pagamento das famílias”, disse o dirigente.

Por outro lado, lembra Pinheiro, os bancos e os estabelecimentos comerciais seguem cautelosos na oferta de crédito diante de um cenário de incertezas na recuperação da economia. Isso, de acordo com ele, acaba funcionando como um limitador do crescimento da inadimplência. “Como há uma escassez de crédito na economia como um todo, há menos brasileiros se tornando inadimplentes. Por isso que os dados mostram um cenário de acomodação da inadimplência”, explica Pinheiro.

A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, também afirma que por ora, é precipitado atribuir os sinais de estabilidade da inadimplência a uma provável melhora do quadro macroeconômico, já que a retomada do crescimento, quando vier, ainda demandará tempo para traduzir-se em aumento do emprego e da renda.

“O freio na trajetória de crescimento da inadimplência sucede um período em que os atrasos cresceram de forma acentuada em virtude do agravamento da crise”, afirma Marcela. Nesse momento, na avaliação de Marcela, quem está com dificuldades financeiras não consegue quitar suas dívidas e, também, se vê limitado a seguir consumindo a base do crédito.

Faixa etária – O indicador também revela que é na faixa etária entre 30 e 39 anos que se observa a maior incidência de brasileiros com CFPs negativados. Nesse intervalo de idade encontra-se 51% das pessoas que possuem contas em atraso. Em números absolutos somam aproximadamente 17,3 milhões de inadimplentes.

Para a economista-chefe do SPC Brasil, a liderança da faixa etária dos 30 anos se explica pelo fato de que “geralmente, nessa idade as pessoas já são chefes de família e têm um número maior de compromissos a pagar, como aluguel, água, luz, entre outras despesas domésticas.

É destaque também no levantamento a constatação de que metade da população com idade entre 40 e 49 anos (48%) está negativada, totalizando 13,2 milhões de consumidores com contas em atraso. Entre os mais jovens, com idade entre 25 e 29 anos, 47% está inadimplente, somando mais de 8 milhões de devedores.

Entre os consumidores que possuem de 50 a 64 anos, a proporção de inadimplentes é de 39%, o que totaliza 12 milhões de devedores. Na população idosa, considerando-se a faixa etária entre 65 a 84 anos, a proporção é de 31%, o que representa, em termos absolutos, 4,8 milhões de pessoas.

Na faixa da população mais jovem, de 18 a 24 anos, os inadimplentes representam 19% e somados formam um contingente de 4,4 milhões de devedores.

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