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Crise atinge Buriti em cheio com demissão de assessor que denunciou corrupção

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Marta Nobre

A divulgação de um documento reservado, escrito em caráter particular e supostamente destinado à secretária de Planejamento Leany Lemos, deixou o Palácio do Buriti em polvorosa na tarde e noite desta quarta-feira, 13.

No texto, lido no programa Retrato Falado, da Rádio Atividade FM, o signatário, que se acredita ex-assessor palaciano e professor da Universidade de Brasília, alerta para a existência de uma rede de corruptores assediando altos funcionários e oferecendo benesses em troca de ações nada republicanas.

– É Pau no Gato, disse Mino Pedrosa, âncora do programa, ao comentar o documento. Ao insistir em seu bordão, o jornalista diz que o ex-assessor foi vítima do seu profissionalismo e do seu caráter, sendo penalizado com a demissão “ao expor a sujeira”.

Segundo Mino Pedrosa, cópia da correspondência foi parar na Procuradoria Geral do Distrito Federal e no Ministério Público, que abriram investigações. Agora, ao que se sabe, outra investigação procura identificar de qual dessas duas áreas vazou o documento.

O desabafo do ex-assessor mostra um pouco de ingenuidade, com uma citação de Edmund Burke (filósofo e político anglo-irlandês que viveu há 300 anos). Burke dizia que, para que triunfasse o mal, bastaria que uma pessoa de bem nada fizesse.

O signatário do documento é categórico, ao denunciar aos superiores imediatos ofertas de vantagens.

– (…) Ao logo desse trabalho (na gerência de Parceria Público-Privada), recebi quatro ofertas de propina (TI: 1 milhão; Móveis: uma de 17 milhões e outra de 10 milhões; blindagem, 500 mil). Todas devidamente relatadas à Controladoria. Além de uma de 4 milhões para recolhermos a manifestação de caducidade do CGI, feita pelo irmão de um advogado do ex-governador Agnelo (Queiroz). Essas ofertas também foram feitas a outros membros do governo, que não as relataram aos órgãos de controle; creio que esse assunto deva ser debatido pessoalmente, sugere o signatário.

emailCorrupcaoGDF

Insistindo na necessidade de investigações, o denunciante salienta, no documento, que “apesar de conhecer o Hélio (há quem sustente ser referência a Hélio Doyle, ex-chefe da Casa Civil) há pouco mais de um ano, e a senhora (no caso, Leany, secretária de Planejamento) há menos tempo ainda, acredito fortemente que compartilho com vocês a crença de que precisamos fazer algo para melhorar nosso governo e que, no momento, precisamos agir contra a corrupção.”

Em outro trecho ele sinaliza que informações preliminares já teriam chegado (à época da denúncia) oficiosamente aos órgãos de investigação e controle: “O trabalho com a Controladoria tem começado a gerar resultados concretos. Seja pela produção de provas necessárias à responsabilização de alguns agentes, seja pela busca de soluções no contrato do CADF que afastem esses problemas do governo… essa parte tem dado muito trabalho, mas resultou em uma boa aproximação com o MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios) e o TCDF (Tribunal de Contas do Distrito Federal)”.

Com ares de inconformismo, o âncora do Retrato Falado orientou ênfase especial na leitura do seguinte trecho do documento: “Eu realmente acredito na necessidade de agirmos contra esses grupos, de afastarmos eles do Estado. Acho que ações dessa natureza são boas para o governador e para nós, que fazemos parte do governo. Mas, no meu caso, isso só será possível com o apoio da senhora. Por isso, peço essa reunião mais reservada com a presença do Subcontrolador que assumiu o acompanhamento das situações concretas, para que senhora possa ter pleno conhecimento de tudo o que aconteceu antes da nossa fusão, assim como para que a senhora saiba das ações que pretendemos e dos motivos de cada uma delas.”

Segundo Mino Pedrosa, poucos dias após encaminhar a correspondência informal, o assessor foi demitido. Tudo isso teria acontecido no período natalino de 2015. “Isso é uma podridão. É uma vergonha. Quem quer consertar o governo, acabar com a corrupção, é demitido”, acusou o dono do jargão Pau no Gato.

Ouça a seguir um trecho do programa Retrato Falado, desta quarta-feira, 13.

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