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O eterno Legião

Dado Villa-Lobos volta ao trabalho com novo disco solo

Publicado

Autor/Imagem:
Pedro Antunes

A placa indicativa de saída e encarava Dado Villa-Lobos em seu estúdio, como se o provocasse. A presença dela, pendurada ali, já era uma afronta. Fora surrupiada por Fernanda, a esposa dele, em uma visita dela à uma tradicional casa de shows de Nova York chamada The Peppermint Lounge, que teve três endereços na ilha de Manhattan e foi, por exemplo, testemunha da primeira aparição pública de Yoko Ono depois da morte de John Lennon.

Trinta e tantos anos depois, a placa provoca Dado a “sair de cena”. É a partir dela que nasce o nome do disco do guitarrista, EXIT (com essa grafia, mesmo, de letras maiúsculas), lançado nesta sexta-feira, 1º, pelo selo dele.

Villa-Lobos viveu processos de rompimentos e encontrar novos significados durante os anos passados entre O Peso do Colapso, de 2012, e EXIT. Intensificou, por exemplo, sua ligação com a Legião Urbana, banda com a qual alcançou o topo do Brasil ao lado de Renato Russo e do baterista Marcelo Bonfá.

Nos últimos dois anos, sua existência foi no palco – André Frateschi foi convocado para reviver os vocais de Renato. O guitarrista calcula que tenham sido de 98 a 100 shows durante esse par de anos, em uma turnê iniciada para celebrar o disco de estreia da Legião. “Nem quando a gente estava na ativa com a banda tocávamos com tanta intensidade assim”, brinca.

Também foram tempos de mudanças. De partidas. Saíram da casa do casal Dado e Fernanda os dois filhos deles. Nicolau, de 29 anos, e Miranda, de 27, deixaram o ninho – ela, inclusive, mudou-se para Lisboa, em Portugal, com o esposo. Sozinhos demais para um lugar tão espaçoso, os pais se mudaram para um apartamento menor.

Tudo isso desemboca em EXIT, na afronta da plaquinha desafiando Villa-Lobos para partir em retirada. “Pensava nisso. Será que não estou me encaixando aqui?”, diz Villa-Lobos. “Percebia que estava ali, fazendo canções, e pensando se não era hora de ir embora.”

Ao mesmo tempo, desafiado por isso, buscou a origem da palavra “exit” (“saída”, em inglês) e, na fonte, percebeu que também significava “êxito”. E essa foi a chave para EXIT, um disco de partidas e de conquistas. Um álbum nascido de uma inquietação própria, cujas canções, algumas delas, nasceram a partir das bases de violão e guitarra criadas para filmes e curtas metragens às vezes não usados.

“É um disco que começa com um 7 a 1”, brinca ele, sobre o título da música de abertura, “e chega ao fim com Voltando Para a Escola.” É cíclico, como a vida. “Me interessa essa ideia de se obter êxito na saída. Digo, encontrar as saídas para sua vida, para a convivência com os outros. São parceiros que vem e vão embora. Tudo se torna mais simples assim.”

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