Vergonha nacional
De pretenso dono do mundo à condição de persona non grata para seus vizinhos
Publicado
em
Crítico feroz do político e antipático extremado do homem público Jair Messias Bolsonaro, tenho de admitir que, às vezes, me imagino complacente com o cidadão Bolsonaro. Seu julgamento final está confirmado para o dia 2 de setembro, devendo se estender até o dia 12. Até lá, os dias do ex-presidente devem ser daqueles sem expectativa de fim e com remotas chances de terminarem sem crise existencial, sem perspectivas de futuro e, caso ele ainda tenha um mínimo de sensibilidade, com muitos arrependimentos. Ou não!
Os últimos movimentos do ex-presidente Jair Bolsonaro são de envergonhar qualquer ladrão de galinha e de incomodar milicianos, traficantes e estupradores. Faltando pouco menos de uma semana para o dia do juízo final, Jair passou a ser vigiado dia e noite, noite e dia, sete dias por semana. A preocupação é que, perdido e aterrorizado diante da iminente prisão, ele possa fugir dependurado em um drone, embrulhado no porta-malas do veículo de um familiar ou amigo e ainda fantasiado com as roupas de dona Michelle.
A possibilidade de ele não ser preso é zero. Embora saibam disso, os fanáticos idólatras se movimentam diariamente no entorno do condomínio daquele que ainda consideram mito, o que, em vez de ajudá-lo, tem causado apenas desconforto e indignação aos vizinhos brasilienses, dos quais Bolsonaro virou persona non grata. Em meio às polêmicas recentes, a vizinhança do Solar de Brasília, localizado em uma área nobre da capital federal, chegou a cogitar a expulsão de Jair Bolsonaro da unidade condominial alugada e mantida pelo Partido Liberal.
Uma pena para um cidadão que, mesmo sem dispor de cacife político fora da força, galgou o mais alto degrau da política brasileira. Em contrapartida, é uma vergonha, uma vergonha nacional, um ex-presidente derrotado politicamente querer se manter no poder por meio de ameaças, de golpismos e de mentiras que não se sustentam. É o inferno na terra para um cidadão que, transtornado com a derrota em 2022, optou pela tentativa tirânica do golpe, desonrando os votos conquistados democraticamente em 2018.
Como a vida pune quem falha, o resultado mais drástico obviamente que será a prisão de Jair Messias. No entanto, me parece tão ou mais dolorido a possibilidade real de Luiz Inácio ser reeleito com relativa facilidade para seu quarto mandato. E tudo justamente por conta das tolas, estúpidas e desequilibradas patacoadas do antecessor. Logo Lula da Silva, o diabo em figura de gente que Bolsonaro tentou anular política e fisicamente. Tentou e, como não conseguiu, acabou anulado por ele. É a lei de causa e efeito. Dela ninguém foge.
…………………
Misael Igreja é analista de Notibras para assuntos políticos, econômicos e sociais