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Efeito propina

Delação de Marcelo Odebrecht tira Eliseu Padilha da Casa Civil

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Marta Nobre, Edição

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, não voltará para o cargo, de onde afastou-se antes do Carnaval para ser internado às pressas em Brasília, com dores abdominais. No Hospital do Exército, foi constatado câncer na próstata. O ministro viajou dois dias depois para Porto Alegre, onde submeteu-se a cirurgia para retirada do órgão. Seu estado de saúde é estável, mas a situação política dele piora a cada dia.

A previsão inicial era a de que ele retornaria na segunda-feira, 6. Porém, nesta quinta, 2, um boletim médico emitido pelo Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, informa que não há previsão de alta. O comunicado coincide com o depoimento, na véspera, de Marcelo Odebrecht à Justiça Eleitoral. Segundo o empresário, condenado na Lava Jato a 19 anos de prisão, Padilha tratou de repasses do Caixa 2 para Michel Temer.

Essa ausência de Padilha servirá para que Temer meça o termômetro da crise, mas em Brasília já é dada como certa a substituição do ministro. A situação dele piorou depois que José Yunes, ex-assessor e amigo pessoal do presidente, foi citado na Lava Jato, sendo obrigado, consequentemente, a entregar o cargo. Yunes disse que foi portador de uma ‘encomenda’, representada por alguns milhões de reais em espécie, para Padilha.

No depoimento que prestou ao Tribunal Superior Eleitoral, Marcelo Odebrecht confirmou ter se encontrado com o presidente Michel Temer durante tratativas para a campanha eleitoral de 2014, mas negou ter acertado um valor para a doação diretamente com o peemedebista.

De acordo com o empreiteiro, as tratativas para o repasse foram feitas entre o atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o executivo Cláudio Melo Filho. Ele admitiu que parte dos pagamentos pode ter sido feita via caixa 2.

Marcelo Odebrecht disse que não houve um pedido direto de valores para o PMDB pelo então vice-presidente da República. Segundo relatos, ele afirmou que o valor de R$ 10 milhões já estava acertado anteriormente e que o encontro foi apenas protocolar.

Em anexo de delação premiada que vazou em dezembro, Melo Filho, que é ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, mencionou jantar no Palácio do Jaburu no qual, segundo ele, Temer teria pedido pessoalmente “auxílio financeiro” ao empreiteiro, que se comprometeu com R$ 10 milhões. Ao depor nesta quarta em Curitiba, Marcelo Odebrecht disse que Temer não mencionou essa doação.

O empreiteiro confirmou, porém, que o jantar foi feito no momento em que o grupo de Temer negociava uma doação da Odebrecht para apoiar candidatos do partido.

O encontro no Jaburu serviria para selar o acordo de que R$ 6 milhões dos R$ 10 milhões ao grupo do PMDB de Temer seriam encaminhados para a campanha de Paulo Skaf para o governo de São Paulo, também em 2014.

De acordo com Marcelo Odebrecht, só após a saída do vice-presidente do local, ele conversou com Padilha e com Melo sobre o tema. Ainda de acordo com ele, parte dos R$ 6 milhões não chegou a ser paga.

Marcelo Odebrecht disse ainda à Justiça Eleitoral que a interlocução com o PMDB era dispersa. Os executivos da empresa tinham relação com os Estados, enquanto Melo atuava dentro do Senado, em contato com o atual presidente do partido, Romero Jucá (RR). Na Câmara, o contato era com Padilha – mas também foi mencionado o nome do deputado cassado Eduardo Cunha (RJ), que mantinha relação com o empresariado.

Na sexta-feira, dia 24, Temer afirmou em nota que, “quando presidente do PMDB, pediu auxílio formal e oficial” à Odebrecht. “A Odebrecht doou R$ 11,3 milhões ao PMDB em 2014. Tudo declarado na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral”.

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